Presidente italiano propõe nova lei de imprensa e desafia premiê
da Reuters, em RomaO presidente italiano, Carlo Azeglio Ciampi, propôs hoje uma nova lei de imprensa, que garanta tratamento imparcial aos políticos, em um aparente desafio ao primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
Ciampi não só enviou o projeto ao Parlamento como conseguiu que Berlusconi, dono do maior conglomerado de mídia do país, o assinasse. O controle da imprensa é uma das questões políticas mais importantes da Itália atualmente, porque a oposição acusa Berlusconi de usar seus próprios canais e a estatal RAI, que somam 90% da audiência, para se promover.
"Não há democracia sem pluralismo e imparcialidade na cobertura noticiosa. Estou confiante de que as ações do Parlamento verão esse princípio plenamente realizado", explicou Ciampi.
O presidente, que tem papel político apenas simbólico, não fez referência direta ao conflito entre os interesses particulares de Berlusconi e sua posição no governo. Mas a oposição de centro-esquerda viu nas declarações de Ciampi uma iniciativa para controlar melhor os meios de comunicação.
"Com a mensagem do presidente ao Parlamento, as leis de conflito de interesses terão de ser revistas", afirmou Luciano Violante, membro do Partido Democrático da Esquerda.
O Parlamento está inclinado a aprovar uma nova lei sobre o conflito de interesses, feita pelo governo sob medida para que Berlusconi possa manter o controle sobre seu grupo Mediaset enquanto governar a Itália.
Em um comunicado, Berlusconi se disse feliz por assinar o documento de Ciampi, mas afirmou que a cobertura da RAI não foi imparcial com ele durante a campanha eleitoral do ano passado, com seus apresentadores críticos à candidatura do empresário.
Ciampi divulgou a mensagem poucos dias depois de Berlusconi propor que a Itália adote um sistema de governo semelhante ao francês, onde o presidente e um primeiro-ministro dividem as atribuições. O próprio Berlusconi se disse disposto a assumir a Presidência. Ciampi não comentou a proposta.