Reuters
24/07/2002 - 21h17

Fashion Rio fica sem beijo gay no segundo dia

da Reuters, no Rio

O segundo dia da Fashion Rio, na terça-feira, terminou sem a polêmica esperada: a grife Totem, cuja coleção fez uma apologia ao amor, acabou não tendo o beijo entre os modelos Rafael Vogler e Marcelo Kazaqevicius.

"O casal não se beijou porque não quis", disse o diretor de marketing da grife, João Paulo Gasparianes, contrariando os rumores de que a própria marca tivesse optado por não mostrar a cena para fugir da controvérsia.

Mesmo assim, a Totem conquistou a platéia com casais heterossexuais trocando beijos apaixonados sob o tema "Summer Love". Além do amor, o estilista Fred D'Orey enalteceu as viagens, o companheirismo e o estilo de vida simples e rústico, "100% balneário", como ele próprio definiu.

O verão da marca abusou dos tons em amarelo, laranja e vermelho contrastados com preto. Túnicas e maxipantalonas foram os destaques para as mulheres.

Camisas de algodão de corte reto com calças que lembravam as dos homens tibetanos deram tônica à moda masculina da Totem.

As clássicas grifes cariocas Maria Bonita e Mariazinha mostraram que despojamento e elegância caminham juntos e de branco.

A Maria Bonita optou pelo mundo dos esportes. Zíperes em jaquetas, na parte de trás das calças na altura da panturrilha ou como suspensórios em macacões conferiram bom-humor ao desfile da estilista Maria Candida Sarmento.

Ela apresentou suas idéias numa delicada palheta de cores que variaram do branco puro ao sujo, passando pelo cáqui e o verde-musgo.

Para alegrar a monocromia, três cores fortes despontaram: um macacão em amarelo-ovo, um conjunto de calça e blusa em verde-limão e uma combinação de short e blusa de seda em rosa-choque.

"Maravilhoso. Ela conseguiu com a influência do esporte fazer uma coisa chique, com saias que imitavam os antigos uniformes de tênis, calças e blusas de jogging e macacões de aviador", afirmou a consultora de moda Gilda Chataignier.

No desfile da Mariazinha o branco também reinou absoluto numa coleção tipicamente cosmopolita. Blusas com babado em renda, laise e linho puro apresentaram caimento impecável e traduziram romantismo.

Já o look safári preconizou uma selva urbana em que o branco e o bege serviram de camuflagem. Jaquetas de couro brancas apareceram com cortes retos enquanto as calças eram oversized, passando a sensação de conforto.

Nota destoante, entretanto, foi a produção do desfile, segundo opinou a consultora de moda da TV Globo, Regina Martelli.

"Faltou coordenação entre sapatos e calças. As peças isoladas estavam lindas, mas calça esporte com salto alto não dá", criticou.

Os tons que não tiveram lugar nos outros desfiles de terça-feira foram acolhidos pela estilista mineira Graça Ottoni.

Com a idéia de reproduzir o guarda-roupa de uma mulher em férias e em busca de diversão, aventura e prazer, a estilista privilegiou saias amplas que apareceram principalmente em laranja.

Essas saias, compostas por tecidos esvoaçantes, foram combinadas com faixas-cinto bordadas e batas franzidas de um ombro só.

A noite foi arrematada pela moda praia da Blue Man, que trouxe peças em jeans combinadas com enormes brincos em apenas uma orelha.

Para comemorar os 30 anos da marca, o estilista David Azulay abusou de estampas tropicais e relembrou seus looks de sucesso numa coleção que privilegiou a nostalgia.

O crochê apareceu menos despudorado do que a tanga que causou polêmica na praia de Ipanema na década de 1970. Ele veio com miçangas ao lado de flores artesanais bordadas na lycra de biquínis e maiôs.

As flores, aliás, foram tema recorrente na coleção, aparecendo também de forma bem-humorada em sutiãs que de longe enganavam os olhos e pareciam topless.

Os maiôs ganharam fendas profundas e em alguns momentos pareciam duas peças quando vistos de costas. O ponto alto do desfile, que teve no casting tops como Ana Hickman e Juliana Galvão, foi a modelo Monique Evans que, aos 46 anos, provou que o tempo não passa igual para todo mundo.
 

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