Reuters
30/07/2002 - 19h43

Venezuela espera decisão sobre líderes de golpe de Estado frustrado

da Reuters, em Caracas

Simpatizantes do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, fizeram hoje uma manifestação em frente à Suprema Corte do país para pedir a condenação de quatro oficiais militares que participaram de um golpe de Estado frustrado em abril.

Gritando e balançando bandeiras do país, cerca de cem pessoas se reuniram no local, enquanto os principais magistrados estudavam o destino de dois generais e dois almirantes.

"Queremos que esses golpistas sejam punidos, presos, expulsos das Forças Armadas," disse a dona-de-casa Carolina Perez, 60. "Se forem absolvidos, haverá guerra."

"Tem de haver lei aqui. Eles não podem deixá-los livres. Seria uma piada e pode haver uma reação das pessoas que querem justiça", disse o vendedor ambulante Oscar Serrato, 41.

A decisão deverá ser anunciada amanhã. A Suprema Corte precisa decidir se os quatro, que fazem parte de um grupo de oficiais investigados pelo golpe, serão julgados por acusações de rebelião militar.

A decisão é esperada pelo governo e pelos adversários políticos de Chávez.

Os dois lados trocam acusações pela morte de mais de 60 pessoas durante os protestos ocorridos na época do golpe, entre 11 e 14 de abril. Os adversários do presidente advertiram que, se os quatro forem mandados a julgamento, isso pode desencadear um retrocesso na oposição e inflamar as tensões nas Forças Armadas.

O governo afirma que os oficiais - o general do Exército Efrain Vasquez, o general da Força Aérea Pedro Pereira, o vice-almirante da Marinha Hector Ramirez e o contra-almirante Daniel Commisso - foram líderes do golpe e são culpados de rebelião.

Os quatro negam e são considerados heróis pelos oponentes de Chávez. Eles argumentam que atuaram legalmente e de acordo com a Constituição para assumir o poder em abril. Eles dizem que preencheram o "vácuo de poder" deixado quando um dos principais comandantes de Chávez anunciou na televisão que o presidente renunciara.

Em abril, Chávez foi mantido em custódia durante 48 horas por militares dissidentes, que designaram um líder interino civil. Depois, o presidente foi reconduzido ao poder por tropas leais.

Hoje, Chávez disse que seu governo reduziu o orçamento militar para aumentar os gastos em áreas sociais, como educação. "Se o presidente e seus ministros tiverem de andar de camiseta, calção e sandálias porque não há dinheiro, andaremos, e teremos de andar de bicicletas e mulas também", afirmou o presidente.

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