Reuters
05/08/2002 - 15h46

Grupo armado ameaça polícia e opositores de Chávez

da Reuters, em Caracas

Um grupo armado que diz apoiar a "revolução" do presidente Hugo Chávez ameaçou transformar os políticos de oposição e a Polícia Metropolitana da capital em alvo de ataques.

Quatro homens mascarados, vestindo fardas camufladas e segurando fuzis automáticos e metralhadoras, assumiram a autoria do atentado de sexta-feira (2), que deixou quatro civis e um membro da Polícia Metropolitana (PM) feridos.

Reuters - 14.abr.2002
Hugo Chávez, presidente da Venezuela

O "Comandante Murachí", líder do autodenominado Movimento Revolucionário Carapaica [líder indígena que se rebelou contra a colonização espanhola, há 500 anos], disse que os militantes não são funcionários do governo e que agiram contra a PM em represália à violência usada por ela durante um protesto pacífico.

Murachí, que convocou uma entrevista coletiva e disse se inspirar em Che Guevara, também ameaçou alguns deputados que passaram da bancada chavista para a oposição. Segundo o jornal "El Nacional", a população civil que se opõe a Chávez não sofrerá ataques, mas "a vanguarda dessa oposição, sim, consideramos objetivo militar".

Na semana passada, houve tumultos de rua em Caracas depois que a Justiça anunciou que não julgaria quatro chefes militares acusados de comandar o golpe de Estado de abril, que durante 48 horas retirou Chávez do governo.

Nos próximos dias será apresentada uma nova ação contra os militares, num caso que acirrou a divisão da sociedade venezuelana.

Murachí disse que seu grupo disparou contra os PMs porque eles lançaram gás lacrimogêneo sobre simpatizantes de Chávez sem antes negociar com seus líderes. "Nossa responsabilidade na ação da sexta-feira foi planejada", afirmou.

A PM está subordinada ao prefeito de Caracas, Alfredo Peña, que foi ministro de Chávez, mas depois rompeu com ele. Na sexta-feira, ele disse que a PM foi alvo de uma emboscada cometida "por um grupo de franco-atiradores dos círculos violentos do presidente", a quem acusou de formar milícias.

O governo diz que a PM de Caracas foi responsável por algumas das 60 mortes ocorridas nas manifestações de 11 a 14 de abril, estopim do fugaz golpe contra Chávez.

Na sexta-feira, as ruas próximas ao palácio presidencial de Miraflores ficaram fechadas ao trânsito, enquanto centenas de chavistas, alguns mascarados, jogavam pedras e garrafas contra os policiais, que responderam com gás e balas de metal.

Chávez, um ex-coronel, atribuiu os choques a "pequenos grupos anárquicos" e determinou à Guarda Nacional que tome posições na capital para garantir a ordem.

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