Reuters
06/08/2002 - 21h41

Uribe reza em Medellín antes de assumir governo colombiano

da Reuters, em Bogotá

Rebeldes das Farc enfrentaram o Exército em algumas regiões da Colômbia hoje, enquanto Alvaro Uribe decidiu buscar "ajuda divina" e foi rezar em uma igreja, um dia antes de tomar posse como novo presidente.

Com um saldo de pelo menos 36 mortos, não foi um dia atípico para os padrões colombianos. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) enfrentaram os militares nas províncias de Meta e Cordoba.

Uribe, 50, político de direita que assumirá o governo amanhã, promete um grande aumento nos gastos militares. O austero advogado também afirma que aumentará os gastos sociais.

Preparando-se para sua longa lista de desafios quase impossíveis, Uribe foi à igreja de sua cidade, Medellín. Ele comprometeu-se com Deus e a Virgem Maria e evocou a memória de seu pai, que foi morto pelas Farc nos anos 80.

Ele sabe das altas expectativas que gerou entre os colombianos. "Não podemos fazer milagres'", disse o devoto católico romano, que será protegido por uma enorme operação de segurança para tomar posse em Bogotá.

Uribe defende ajuda militar dos Estados Unidos contra a maior indústria de cocaína do mundo, que multiplica os fundos disponíveis para as guerrilhas de esquerda e paramilitares de ultradireita.

Em abril, uma bomba destruiu seu carro e matou quatro pessoas. O atentado foi atribuído às Farc e ocorreu apenas um mês depois de sua esmagadora vitória, obtida graças à impaciência da população com as tentativas fracassadas do atual presidente, Andres Pastrana, de negociar com a guerrilha.

Os críticos de Uribe, incluindo muitas organizações de promoção dos direitos humanos, estão preocupados com seus planos de formar uma rede de um milhão de informantes civis e lembram o crescimento das milícias de direita durante seu governo na província de Antioquia.

Uribe não está assustando somente os rebeldes. Legisladores e políticos prometem lutar contra seus planos de fazer um referendo para perguntar se os colombianos querem dissolver o Congresso recém-eleito e cortar pela metade o número de deputados, a fim de economizar verba pública e reduzir as chances de corrupção.


Violência
Uribe, conhecido por seu caráter resoluto, prometeu hoje enviar ao Congresso a lei do referendo logo depois do final da cerimônia de posse. O texto contém medidas para congelar seu próprio salário e os dos congressistas, bem como cortes das pensões.

Logo depois de suas declarações, soldados mataram 12 rebeldes das Farc perto do vilarejo de La Uribe, no sul do país, dentro da "zona desmilitarizada" dada aos guerrilheiros como parte central do fracassado plano de paz de Pastrana. Um soldado foi morto.

Em outro incidente na província de Meta, 12 guerrilheiros das Farc morreram na explosão de um carro, aparentemente por uma falha ao tentar executar mais um atentado, segundo o Exército.

Os militares também mataram seis rebeldes nas montanhas da província de Cordoba, onde as Farc haviam ferido cinco pessoas.

Pastrana, que, segundo analistas, confiou muito no charme pessoal para negociar com as Farc, deverá ir para o exílio voluntário na Espanha.

O Exército apóia Pastrana, que melhorou o equipamento, mobilidade por helicópteros e garantiu mais de US$1,5 bilhão em ajuda dos EUA.

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