Reuters
07/08/2002 - 22h11

Novo método promete células-tronco mais seguras

da Reuters, em Cingapura

Cientistas de Cingapura anunciaram ter encontrado uma maneira de desenvolver células-tronco embrionárias de humanos sem o uso do tecido animal, abrindo caminho para células-tronco e transplantes celulares mais seguros.

A pesquisa, que está publicada na versão online da revista "Nature Biotechnology" de segunda-feira, foi realizada pela empresa australiana ES Cell International (ESI), que tem uma filial em Cingapura.

A pesquisa com células-tronco embrionárias abriu um debate ético em todo o mundo, porque envolve a destruição de embriões para sua extração. Alguns pesquisadores acreditam que esse tipo de células pode ajudar estruturas danificadas por doenças incuráveis.

As células-tronco geralmente são cultivadas em tecido do rato, que age como uma espécie de solo ao ser nutrido com um líquido derivado de vacas ou porcos.

"Isso é potencialmente perigoso. Corre-se o risco de patógenos animais serem transmitidos do rato para a célula humana, pois estão em contato direto", disse Ariff Bongso, professor de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade de Cingapura.

Depois de 20 meses de pesquisa, Bongso, que ficou famoso ao isolar as células-tronco de embriões humanos há oito anos, conseguiu fazer crescer células-tronco em um tecido humano, nutrido com um líquido derivado do sangue e do plasma.

"Temos a primeira linhagem de células-tronco do mundo desenvolvida sem nenhum sistema animal", afirmou ele.

Segurança
O uso do tecido humano para desenvolver células-tronco foi melhor do que o tecido de ratos, ao eliminar o risco de contaminação de células animais, e fornecer um grupo consistente de células.

Os pesquisadores também podem tirar vantagem do período maior em que as células existem como células-tronco, antes de se transformarem em outras células, quando desenvolve tecidos humanos.

As células-tronco criadas no tecido humano permanecem nesse estado por nove dias, enquanto as desenvolvidas no tecido do rato se transformam em outro tipo de célula em sete dias.

Sem contaminação por parte do tecido animal, as células-tronco do tecido humano podem formar a base de crescimento de tipos específicos de células, como as do coração, que além disso teriam a chance de ser transplantadas.

"Temos chegado mais perto do ponto de aplicação clínica", apontou Bongso, acrescentando que os testes clínicos podem acontecer em cinco anos.

Para abrandar parte do desconforto ético em torno do uso das células-tronco em pesquisas, os Estados Unidos lançaram uma lista oficial com 80 linhagens de células-tronco embrionárias disponíveis para receber verba de estudo.

Todas as linhagens aprovadas são cultivadas em tecidos de rato e os EUA podem agora reconsiderar o registro das linhagens após a divulgação desta nova pesquisa, segundo Bongso.
 

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