Reuters
13/08/2002 - 21h12

Enchente ameaça barreiras no centro histórico de Praga

da Reuters, em Praga

Equipes de emergência continuavam na noite de hoje o trabalho no centro medieval de Praga para reforçar as barreiras que protegem as vias de acesso à praça da Cidade Velha das águas do rio Vlatva. A enchente do rio que corta a capital tcheca já causou a fuga de mais de 50 mil pessoas.

Em plena temporada turística, a chuva também provoca inundações em outras cidades históricas européias, como a alemã Dresden, e Salzburgo, na Áustria. Chuvas torrenciais e enchentes mataram 70 pessoas em uma semana na Europa, da Alemanha à Rússia.

Comerciantes, soldados e centenas de voluntários trabalharam incessantemente para construir barreiras com sacos de areia junto ao Vlatva, mas a água foi mais forte e deveria provocar estragos no pitoresco bairro de Mala Strana, ao pé do imponente castelo de Praga, chegando à praça da Cidade Velha, construída no século 13.

As chuvas na cabeceira do rio, ao sul, indicam que o nível das águas do Vlatva, que já subiu mais de seis metros além do normal, ainda deve aumentar mais. Um homem de 52 anos morreu no subúrbio da cidade quando tentava salvar seu cão da torrente. O corpo de um outro homem foi encontrado nas margens do rio longe de sua casa no sul de Praga, o que eleva o número de mortos para nove. Várias pessoas continuam desaparecidas.

O prefeito de Praga, Igor Nemec, disse que o pior ainda estava por vir. A previsão era que o nível das águas atingisse seu pico por volta das 22h (horário de Brasília). Mas, segundo ele, a praça da Cidade Velha, que abriga o famoso relógio astronômico do século 15, pode escapar de danos mais sérios.

O presidente Vaclav Havel decidiu voltar de Portugal, onde se recupera de uma bronquite.

Segundo as autoridades, esta é a pior enchente nos 800 anos de história de Praga. "A situação é realmente muito séria. As pessoas estão enfrentando isso com grande coragem", afirmou o primeiro-ministro Vladimir Spidla, que enfrenta seu primeiro grande teste desde que assumiu o governo, em junho.

O ministro do Interior, Stanislav Gross, acrescentou que cerca de 200 mil pessoas por todo o país foram obrigadas a deixar suas casas naquela que é a maior operação de retirada de moradores depois da 2ª Guerra Mundial.

Alguns moradores resistiram em deixar a cidade, mas a maioria mudou de idéia ao ver as águas do rio atingindo o nível das casas. As ruas estão praticamente vazias, faltou luz em vários bairros e a polícia reforçou o contingente para evitar saques.

O rio Vlatva está com um volume de 4.500 metros cúbicos por segundo, o maior em mais de cem anos e quase 30 vezes o normal. Todas as pontes de Praga estão fechadas, inclusive a ponte Carlos, do século 14.

Segundo os especialistas, esta inundação pode provocar mais prejuízos do que a de 1997, quando os danos foram avaliados em quase US$ 1,9 bilhão. Naquela ocasião, cerca de 50 pessoas morreram.

Neste ano, as chuvas já provocaram prejuízos de milhões de dólares e atingiram duramente o turismo, muito lucrativo para a República Tcheca. A moeda nacional, a coroa, sofreu uma queda, e a Bolsa interrompeu os trabalhos por causa da retirada dos moradores.

A meteorologia diz que a situação começará a melhorar gradualmente a partir de amanhã.

Rússia, Alemanha e Áustria
O rio Elba, do qual o Vlatva é afluente, está cinco metros acima do nível normal e também transbordou, obrigando parte da população a deixar a cidade barroca de Dresden, no Estado da Saxônia (oeste alemão). O palácio Zwinger, que abriga uma das melhores coleções de arte da Europa, também está submerso.

Duas pessoas morreram hoje na Saxônia e as autoridades se preparam para retirar até 30 mil pessoas de suas casas. Um hospital com 800 pacientes já teve de ser esvaziado.

Na Áustria, um bombeiro morreu afogado no porão de uma casa, em Salzburgo. As autoridades dizem que o rio Danúbio sobe um metro por hora.

Na Romênia, uma mãe e seu bebê morreram em um desabamento. Fortes ventos fizeram um ônibus capotar, matando o motorista. Na Rússia, 58 pessoas, a maioria em férias, morreram nos últimos dias na região do mar Negro. Temendo epidemias, as autoridades determinaram que todos os turistas deixem a região.

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