Reuters
15/08/2002 - 09h09

Água baixa em Praga, mas sobe na Alemanha e na Eslováquia

da Reuters, em Dresden (Alemanha)

Uma das cidades culturalmente mais ricas da Alemanha, Dresden, se prepara hoje para sofrer sua pior enchente em 150 anos, enquanto em Praga as águas começaram a baixar, revelando o estrago provocado.

Outras partes da Europa Central continuam em alerta por causa das chuvas que nos últimos dias mataram 85 pessoas e provocaram bilhões de euros em prejuízos na faixa que vai do mar Negro ao Báltico.

Ontem, a água do rio Elba tomou conta das praças e edifícios barrocos de Dresden. "Começamos a esvaziar certas partes da cidade que agora se tornarão ilhas", afirmou o prefeito Ingold Rossberg a uma TV local.

Segundo as autoridades, 3.000 moradores e 570 pacientes de um hospital já foram transferidos. A população de Dresden é de 480 mil pessoas.

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Frente de casa desmorona em Dresden, no leste da Alemanha. A cidade pode passar hoje pela pior inundação dos últimos 150 anos


A previsão é que hoje o rio Elba atinja uma altura de 8,5 metros, a maior desde 31 de março de 1845. "O rio está subindo, mas devagar. Não se sabe se os diques vão suportar", afirmou Burkhard Zcheischler, porta-voz do comitê de crises do Estado da Saxônia, do qual Dresden é capital.

A cidade foi duramente bombardeada pelos britânicos e norte-americanos no final da Segunda Guerra Mundial. Com a reunificação alemã e o fim do regime comunista no leste do país, Dresden foi intensamente restaurada.

Alguns edifícios que acabam de passar por esse processo, como a Ópera Semper, ficaram alagados. No palácio Zwinger, que tem uma das maiores coleções de arte da Europa, os quadros tiveram que ser transferidos para andares mais altos.

Em Bratislava, capital da Eslováquia, soldados passaram a noite reforçando as barreiras colocadas junto ao rio Danúbio, que pode atingir seu maior nível em meio milênio. As autoridades declararam estado de emergência na área.

A expectativa é que o rio continue crescendo até sexta-feira, mas num ritmo mais moderado, o que segundo o governo pode evitar maiores danos.


Dois metros a menos
As autoridades tchecas já começaram a avaliar os prejuízos provocados pela enchente em Praga. O nível do rio Vlatva começou a diminuir (já baixou dois metros), e o precioso bairro medieval da Cidade Velha conseguiu ficar a salvo graças às barreiras de areia colocadas por funcionários e voluntários.

Durante esta semana, o governo colocou em prática o maior plano de deslocamento de pessoas desde a Segunda Guerra Mundial. Mais de 200 mil moradores foram retirados de suas casas.

Segundo a prefeitura, algumas áreas da cidade ainda estão em estado crítico, cobertas por vários metros de água. Os moradores destas zonas continuam impedidos de voltar para suas casas.

As primeiras estimativas são de um prejuízo de US$ 2 bilhões, semelhante ao provocado pelas enchentes de 1997. Um número definitivo será divulgado dentro de uma semana. A atual inundação foi a pior em Praga nos 500 anos de sua história.

As chuvas mataram 11 pessoas na República Checa. No fim de semana, foram 58 vítimas fatais na região do mar Negro, na Rússia. Na Saxônia, o saldo de mortos subiu para nove na quinta-feira. Na Áustria há sete mortos.

  Veja galeria de fotos das enchentes

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