Reuters
19/08/2002 - 15h42

Chance eleitoral de Schröder sobe junto com a água na Alemanha

da Reuters, em Berlim

Até a semana passada, a candidatura à reeleição do primeiro-ministro alemão, Gerhard Schröder, parecia à deriva, pronta para dar na praia da derrota eleitoral em setembro.

Mas desde que as enchentes devastaram várias cidades do país, outras metáforas que envolvem água passaram a fazer sentido. A mão firme de Schröder na gestão da crise virou a maré a seu favor e trouxe novamente à tona as chances de um segundo mandato.

A suspeita de que as inundações sejam um reflexo do aquecimento global, produzido pela ação humana, também despertou a consciência ambiental dos eleitores, o que pode ajudar o Partido Verde, coligado com o SPD (social-democratas) no governo.

Reuters - 22.mar.2002>
Gerhard Schröder, primeiro-ministro da Alemanha
Uma pesquisa feita pelo instituto Forsa na semana passada, quando o leste e o sul da Alemanha estavam submersos, mostra que o SPD e os Verdes cresceram um ponto cada em uma semana, atingindo agora respectivamente 36% e 7%.

Enquanto isso, a coalizão conservadora liderada por Edmund Stoiber perdeu um ponto (tem 40%), e seus parceiros Liberais Livres caíram dois (ficaram com 8%).

Os analistas dizem que Schröder ainda tem um longo caminho pela frente para evitar o vexame de ser o único chanceler a não conseguir a reeleição na Alemanha desde 1945. Mas eles concordam que as enchentes distraíram a opinião pública de outros problemas, políticos e econômicos, enfrentados pelo governo.

"Se as enchentes tiverem algum efeito, será pequeno", disse Oskar Niedermayer, cientista político da Universidade Livre de Berlim. "A coalizão atual provavelmente será removida, mas ainda não é certo porque há muitos eleitores indecisos", afirmou.

Indeciso
Muitos desses votos de indecisos estão concentrados no leste do país, a parte que era comunista até 1990 e que agora foi a mais atingida pelas águas. Quando a tragédia começou, Schröder foi rápido em vestir um abrigo de plástico e embarcar em um bote para examinar os estragos na cidade de Grimma.

Ele vem dando várias entrevistas sobre o assunto e ontem recebeu o comissário europeu (chefe do Executivo da UE), Romano Prodi, e os líderes de outros países atingidos, para discutir a criação de um fundo para a reconstrução.

Enquanto isso, Stoiber era criticado por suspender apenas brevemente as suas férias para verificar os danos na cidade de Passau, na Baviera, o Estado que ele governa. Depois, diante das críticas, o candidato conservador foi para Dresden, a mais importante das cidades alemãs atingidas pelas inundações.

O pretexto era apoiar os trabalhadores bávaros que participam dos trabalhos de resgate. O resultado foi pífio: com botas de borracha, ele inspecionou uma praça central que já estava rigorosamente seca.

Segundo os especialistas, é normal que os ocupantes dos cargos públicos ganhem respeito após crises. Já foi assim nos dias tensos que se seguiram aos atentados de 11 de setembro, quando o governo de Schroeder recebeu um reforço na sua popularidade.

Outra inundação, a que matou 315 pessoas em 1962 em Hamburgo, também teve impacto político, pois popularizou a figura do então ministro do Interior, Helmut Schmidt, depois eleito chanceler.

Mas outros analistas afirmam que a relação entre enchente e eleição pode ser menos clara. De fato, na pesquisa da Forsa a maioria dos entrevistados considera que Schroeder se saiu melhor que Stoiber na semana que passou, mas 70% dizem que não vão mudar seu voto por causa disso.

 

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