Reuters
19/08/2002 - 20h10

Venezuela pressiona Judiciário por decisão sobre golpe

da Reuters, em Washington

O ministro do Exterior da Venezuela, Roy Chaderton, pressionou hoje os principais juízes do país, a quem acusou de viver em um mundo de "realismo mágico" por terem decidido não julgar os oficiais militares envolvidos no golpe de Estado em abril.

Em discurso na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, o chanceler reforçou a campanha do governo contra a decisão, que provocou violentos protestos e levou o presidente Hugo Chávez a prometer um "contra-ataque".

Chadeston disse que o país tem "juízes, mas não Justiça". "Em nossa terra mágica, o presidente foi sequestrado sem sequestradores e preso sem carcereiros. Somente espectros sombrios existem, como em uma fantasia febril de Garcia Marquez", disse.

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela decidiu na semana passada que não há evidência suficiente para julgar quatro oficiais militares por rebelião. Outras acusações poderão pesar sobre eles, que alegaram ter agido apenas para preencher o vácuo de poder depois da renúncia do presidente.

Divisão
O Congresso lançou uma investigação sobre os juízes, a quem acusa de corrupção e favoritismo. Chaderton disse que o governo usará meios constitucionais para "solucionar esse ataque à Justiça".

O presidente acusa os oponentes políticos de manipular os juízes para derrubar as acusações e disse que a decisão tem por objetivo destruir sua "revolução" e removê-lo do poder.

Líderes da oposição vêm recorrendo ao STJ para tentar afastar Chávez do poder por meios legais, incluindo um referendo e redução dos processos de corrupção, insanidade e crimes contra a humanidade.

Em abril, tropas leais resgataram Chávez, que fora detido pelos militares. Ele foi reconduzido ao poder dois dias depois de ser deposto.

Chaderton espera que sua visita a Washington melhore o relacionamento com os Estados Unidos, que chegaram a aprovar a retirada de Chávez. "As relações estão melhores hoje do que estavam ontem e piores do que estarão amanhã", disse. Amanhã, ele deve se encontrar com autoridades do Departamento de Estado.

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