Reuters
20/08/2002 - 14h57

Produção de heroína no Afeganistão volta a crescer

da Reuters, em Cabul

O cultivo de papoula, matéria-prima da heroína, está próximo de seu nível recorde, um ano depois de ter sido exterminado pelo regime islâmico do Taliban, segundo um relatório da FAO (órgão da Organização das Nações Unidas para agricultura) obtido hoje.

O estudo, originalmente feito para avaliar as deficiências alimentares do país, apontou um grande aumento da produção de papoula sob o governo pró-ocidental de Hamid Karzai, apesar de essa atividade ser proibida e ter sido alvo de campanhas para sua eliminação.

"O cultivo de papoula, que foi virtualmente suspenso no ano passado, foi retomado na maior parte das áreas produtoras do Afeganistão. Estima-se que a área cultivada de papoula neste ano esteja perto do nível recorde de 90 mil hectares", disse o texto.

Segundo um funcionário da FAO em Cabul, um agricultor afegão pode conseguir até US$ 14 mil por hectare cultivado. As quase 3.000 toneladas de ópio bruto que segundo a FAO devem ser produzidas no sudoeste do país serão depois refinadas e virarão ópio e heroína, para serem consumidos principalmente na Europa.



Até 2001, o Afeganistão era um dos maiores produtores mundiais dessas drogas. O Taleban então proibiu seu cultivo, até que a campanha militar norte-americana em retaliação aos atentados de 11 de setembro derrubasse o regime islâmico, em dezembro.

Karzai prometeu usar parte da ajuda internacional ao Afeganistão para pagar cerca de US$ 1.400 por hectare cultivado. Mas a medida não funcionou porque foi tomada quando a maior parte das plantações já estava semeada, disse a FAO.

Outro funcionário da entidade disse que outras áreas, além do sudoeste, também começaram a produzir papoula. No ano que vem, prevê o estudo, o cultivo vai aumentar, por causa do ambiente de maior tolerância, das vantagens financeiras e da volta de refugiados, o que vai ocupar mais trabalhadores na produção de drogas.

Apesar disso, há poucos viciados em heroína no país, pois a religião muçulmana condena o uso de drogas.

 

FolhaShop

Digite produto
ou marca