Reuters
20/08/2002 - 19h41

Falta dinheiro para fiscalizar eleições no Peru

da Reuters, em Lima

A maior autoridade eleitoral do Peru, o presidente do Jurado Nacional de Elecciones (JNE), Manuel Sánchez, disse hoje que não tem dinheiro suficiente para fiscalizar as eleições de novembro, quando serão eleitos os governadores das 25 regiões do país.

"A designação de recursos não é suficiente para fazer uma fiscalização cabal", disse Sánchez.

As eleições serão as primeiras regionais desde a destituição do ex-presidente Alberto Fujimori, em novembro de 2000, por causa de um escândalo de corrupção que envolveu todos os poderes do Estado, incluindo o organismo eleitoral.

Fujimori, que agora vive refugiado no Japão, conseguiu em 2000 sua segunda reeleição, em uma votação cercada por denúncias de fraude por parte de observadores locais e internacionais e questionada pela Organização dos Estados Americanos (OEA).

O Peru - país de 26,7 milhões de habitantes, dos quais 55% vivem em condição de miséria - elegerá também neste ano 1.829 prefeitos.

Sánchez afirmou que sua organização conta com o equivalente a US$ 7,8 milhões, menos da metade do que solicitou para cumprir sua função administrativa, normativa, jurídica e fiscalizadora.

Ele disse que pediu um encontro com o vice-ministro da Fazenda, Kurt Burneo, para requisitar um aumento de recursos para o juizado eleitoral. "Se me disserem que não teremos mais dinheiro, acho que teria de fazer um pronunciamento."

Divisão de despesas
O presidente do JNE pediu aos grupos políticos do país que não usem recursos públicos nas próximas eleições regionais e municipais.

O JNE fez o pedido em resolução publicada hoje no jornal oficial "El Peruano". Na semana passada, o grupo oficialista Peru Possível, do presidente Toledo, organizou uma entrevista coletiva de imprensa "partidária" no Congresso.

"Isso é proibido. Vamos ser vigilantes, agora com maior razão, o cenário é distinto," disse Sánchez, depois de ressaltar a abertura democrática após uma década de gestão dura de Fujimori.

Para as eleições regionais, o Partido Aprista Peruano, a principal força de oposição do país, tem 23% das intenções de voto, seguido pelo também opositor Unidad Nacional, que ostenta 14%, segundo pesquisas. Unidos, os movimentos independentes têm 18%%.

Toledo enfrenta uma crise de credibilidade pois os peruanos sentem que não cumpre suas maiores promessas da campanha de 2001, como gerar empregos e reduzir a pobreza. A aprovação da gestão do presidente caiu dois pontos percentuais em agosto, para 16%, enquanto a desaprovação foi a 75%, de acordo com pesquisa realizada no fim de semana.

O respaldo a Toledo foi prejudicado pelo escândalo de sua esposa, Eliane Karp, que além de seu trabalho honorário de primeira-dama trabalhava em um banco com salário de US$ 10 mil por mês. Por causa do escândalo, Karp renunciou na semana passada ao cargo de consultora do Banco Wiese Sudameris.
 

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