Reuters
22/08/2002 - 04h21

Itália quer certificar restaurante no exterior

DAVID BROUGH
da Reuters, em Roma

Cansada da pirataria de seus melhores vinhos e sua melhor cozinha, o governo da Itália (centro-direita) pretende conferir um certificado a restaurantes que considere como italianos "autênticos" em todo o mundo, para defender sua culinária.

O plano faz parte de um esforço lançado pelo Ministério da Agricultura para melhorar a qualidade da comida "made in Italy".

"Estamos ajudando o governo a traçar normas referentes a cardápios, ingredientes e qualidade de atendimento nos restaurantes italianos no exterior", disse à Reuters Edi Sommariva, diretor-geral da Fipe, a federação italiana de proprietários de restaurantes. Ele estima que menos de 10 mil dos mais de 70 mil restaurantes que se dizem italianos fora da Itália sirvam pratos que seguem as melhores tradições do país.

Inspetores vão fiscalizar os restaurantes no exterior para assegurar que estejam dentro dos padrões da marca registrada. Mas Sommariva disse que não será fácil aplicar as normas, já que a adesão a elas é voluntária, e a fiscalização será restrita a um número limitado de países.

Para ter o selo de autenticidade, o restaurante terá de ter pratos preparados por chefs italianos ou, pelo menos, por chefs formados numa escola de cozinha italiana.

Sommariva, cuja federação representa os 60 mil restaurantes da Itália, disse que as casas que não satisfazem os padrões da cozinha italiana estão enganando seus clientes. "Muitas pessoas pensam que estão comendo comida italiana, mas não estão", disse ele. "Esses restaurantes negam a seus clientes a imagem correta da cozinha italiana."

Patrulha da massa
"Centenas de restaurantes italianos são criados diariamente em todo o mundo, mas, na maioria dos casos, a única coisa de realmente italiana que possuem é o nome ou a bandeira tricolor exposta do lado de fora", disse o ministro da Agricultura, Giovanni Alemanno.

A Itália já confere marcas registradas a seus melhores produtos culinários. Um dos alimentos protegidos por marca registrada são o queijo parmesão - ingrediente-chave dos pratos italianos mais clássicos, comercializado exclusivamente pelo consórcio Parmigiano Reggiano - e o presunto de Parma, um produto regional feito de porcos nascidos, criados e abatidos na Itália.

O governo se queixa de que a Itália perde centenas de milhões de dólares devido à pirataria de seus alimentos protegidos por nomes de marca. Dezenas de exemplos de imitações de produtos italianos proliferam no mundo, como o queijo alemão vendido sob o nome de "cambonzola", que soa italiano, o "parmesão" neozelandês.

As marcas registradas são concedidas a produtos que possuem determinados ingredientes e seguem determinados processos de produção. Pela lei italiana, por exemplo, as massas precisam ser feitas de trigo de grão duro. Em outros países europeus, elas às vezes são produzidas com trigo mais macio e pegajoso.
 

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