Reuters
22/08/2002 - 21h13

Choque de meteorito gigante pode ter retardado evolução da vida

da Reuters, em Washington

Um gigantesco meteorito que se chocou contra a Terra há 3,5 bilhões de anos pode ter causado tamanha devastação que retardou o desenvolvimento da vida, disseram hoje cientistas das universidades norte-americanas de Stanford e da Louisiana.

Esse meteorito tinha entre 20 e 50 quilômetros de diâmetro, pelo menos o dobro do tamanho de outro, que caiu há 65 milhões de anos e ao qual se atribui a extinção dos dinossauros. Os cientistas estimam que o meteorito tenha saído do cinturão de asteróides que há entre Marte e Júpiter.

Segundo a reportagem que será divulgada na edição de amanhã da revista "Science", o objeto teria levantado uma espessa camada de pedras e poeira e provocado maremotos que devastaram os continentes que estavam se formando.

Os pesquisadores encontraram evidências do meteorito em camadas muito antigas de rochas na Austrália e na África do Sul. "Não temos idéia de onde ocorreu o impacto", afirmou Donald Lowe, professor de geologia de Stanford, que participou do estudo.

Seu colega Gary Byerly, de Louisiana, disse que vários meteoritos semelhantes se chocaram-se com a Terra naquele período, quando o planeta ainda era relativamente quente e habitado apenas por bactérias.

"Os impactos foram muito grandes e realmente mudaram a evolução da Terra", afirmou Byerly. O estudo não menciona exatamente quais mudanças foram essas.

Não se sabe, por exemplo, quais foram as consequências do choque para as bactérias, que ao contrário dos dinossauros podem sobreviver em condições muito adversas.

As rochas estudadas pelos pesquisadores continham zircônio e metais raros, como o irídio, que costumam estar presentes nos meteoritos. "O zircônio é o melhor amigo dos geólogos. Resiste às mudanças e contém informações sobre a idade das coisas desde o começo do sistema solar", disse Byerly.

No caso das amostras estudadas, o zircônio tem 3,47 bilhões de anos, ou seja, surgiu quando a Terra tinha "apenas", 1 bilhão de anos e era um lugar muito diferente.

"Provavelmente não havia grandes blocos continentais como hoje, mas sim microcontinentes", disse Lowe. O mar também era mais raso - cerca de 3,3 quilômetros. "Levaria só um ou dois segundos para um meteorito de 20 quilômetros de diâmetro passar pelo oceano e atingir a rocha por baixo".

"Isso geraria enormes ondas, de vários quilômetros de altura, a partir do local do choque, o que causaria uma tremenda erosão nos microcontinentes", explicou. Byerly disse que há evidências dessa erosão no local estudado na Austrália. Os sedimentos examinados teriam vindo tanto do meteorito em si e da cratera criada por ele.
 

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