Reuters
31/05/2001 - 18h30

Ex-agente do FBI se diz inocente de espionagem

da Reuters, em Alexandria (Virgínia, EUA)

Pálido e abatido, o ex-agente do FBI Robert Hanssen jurou hoje ser inocente das acusações de espionar para a Rússia nos últimos 15 anos, em um dos casos mais graves do gênero na história dos Estados Unidos.

Hanssen, usando uma jaqueta verde com a palavra "prisioneiro" em grandes letras brancas nas costas, passou menos de cinco minutos no tribunal. Ele pode ser condenado à morte.

Os promotores dizem que Hanssen revelou segredos relativos a satélites, sistemas de alerta, meios de defesa ou retaliação contra grandes ataques nucleares, comunicações e estratégias de defesa.

Hanssen, pai de seis filhos e cristão praticante, foi preso em 18 de fevereiro após supostamente deixar papéis com material secreto em um parque perto da sua casa, num subúrbio de Virgínia. O material seria recolhido por agentes russos.

O juiz perguntou a Hanssen como ele se declarava com relação ao processo: "não culpado", respondeu. Ele pediu que seu caso vá a júri, o que deve acontecer em 29 de outubro.

Ele é acusado de 19 casos de espionagem, além de conspiração para praticá-la e tentativa de espionagem. A pena máxima para 14 dessas acusações é a morte.

Agente de contra-inteligência do FBI por 25 anos, ele é acusado de ter recebido US$ 1,4 milhão em dinheiro e diamantes dos russos.

Propostas de acordo judicial entre seus advogados e a promotoria fracassaram no começo do mês, depois que o governo se recusou a retirar a possibilidade da execução.

Hanssen, que já perdeu muito peso, parecia solene enquanto esperava para depor, mas ocasionalmente fazia alguma brincadeira com seus advogados.

Ele olhou ao redor várias vezes ao depor, aparentemente procurando conhecidos. Havia apenas um genro na audiência, composta basicamente de jornalistas.

O advogado Plato Cacheris disse que a mulher dele estava tentando "permanecer anônima", mas disse que a família Hanssen estava ``presente em espírito''.

Ele vai usar um instrumento jurídico que lhe permite responder as acusações antes do julgamento. "Se algo sobreviver (das acusações), estaremos novamente aqui em 29 de outubro para o julgamento'', afirmou.

Perguntado sobre se a promotoria manteria o pedido de pena de morte, respondeu: "Isso é com eles'', mas disse que, na sua opinião, a Constituição não a prevê nesse caso.

O governo tem interesse em não levar o caso a julgamento por causa da quantidade de material secreto que poderia ser revelado nas audiências.

Um ex-agente do FBI e amigo de Hanssen por 20 anos, David Major, assistiu ao depoimento e disse que ainda acha difícil acreditar que ele realmente tenha sido um espião dos russos. "Ele era incrivelmente inteligente, pensativo e quieto. Espionagem não é algo que eu iria prever para ele'', afirmou.
 

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