Reuters
27/08/2002 - 15h50

Polícia basca entra em choque com separatistas

da Reuters, em Madri

A polícia do País Basco (norte da Espanha) dispersou hoje as barricadas humanas montadas por manifestantes e lacrou a sede do partido separatista Batasuna em duas cidades da região, cumprindo uma ordem judicial que determina a proibição das atividades do partido por vínculos com o grupo armado ETA (Pátria Basca e Liberdade).

A ação da Ertzaintza (a polícia local) representou o primeiro confronto entre bascos desde a ordem judicial de ontem. No mesmo dia, o Parlamento aprovou o início do processo para a extinção definitiva do partido.

Segundo a imprensa, cerca de 50 policiais usaram cassetetes, balas de borracha e bombas de gás para dispersar os cerca de 300 simpatizantes do Batasuna em frente a uma das suas sedes. Os manifestantes reagiram jogando guarda-chuvas contra os policiais, antes de finalmente ceder. Impossibilitados de arrombar a porta da frente, os policiais tentaram entrar no prédio por uma sacada, onde encontraram mais manifestantes.

Em Vitória, capital do País Basco, seis camburões levaram cerca de 50 simpatizantes do Batasuna que estavam no escritório do partido, segundo a agência espanhola de notícias "Europa Press".

Em San Sebastián, cidade considerada a fortaleza dos simpatizantes mais radicais do Batasuna e do ETA, a polícia tomou um escritório menor, deixando a sede principal do partido na cidade para uma ação posterior. Um fotógrafo da "Reuters' viu cerca de cem militantes protegendo a sede, onde a polícia ainda não havia chegado.

Na vizinha Comunidade de Navarra, onde também há um movimento separatista basco, a Polícia Nacional já desalojou oito escritórios do Batasuna desde ontem. A interdição das atividades do partido vale por três anos, mas ele deve ser extinto muito antes disso.

A Ertzaintza é subordinada ao governo local basco, controlado atualmente pelo moderado Partido Nacionalista Basco, que votou contra a proibição do Batasuna e é frequentemente acusado pelo governo espanhol de ser excessivamente brando com o ETA.

As ações da Justiça e no Parlamento foram legalmente separadas, mas politicamente articuladas. É a primeira vez que a Espanha aprova a proibição de um partido desde a restauração da democracia, em 1975.

Em sua campanha separatista, iniciada em 1968, o ETA já matou 836 pessoas e feriu 2.367. O juiz Baltasar Garzón disse em sua sentença de ontem que o grupo comete crimes contra a humanidade. Os Estados Unidos e a União Européia incluem o ETA na sua lista de organizações terroristas.

O Batasuna nega que seja um braço político do ETA, mas é o único partido espanhol que se recusa a condenar os atentados, o que, segundo uma lei aprovada em junho, é motivo para a proibição de um partido.

Nas eleições do ano passado, o Batasuna recebeu 10% dos votos. Centenas de vereadores, prefeitos e deputados regionais eleitos pela legenda não vão perder o mandato, mas o partido está proibido de fazer reuniões e lançar candidatos. Suas sedes estão sem água, luz e telefone.

No Parlamento, o pedido para que o governo solicite formalmente à Suprema Corte a proibição do partido foi aprovado por 295 deputados. Houve dez votos contrários e 29 abstenções.

Horas depois da votação no Parlamento, a polícia desativou uma bomba em frente a um tribunal da localidade de Tolosa, no País Basco. O ETA telefonou para um jornal para avisar que havia colocado a bomba, dentro de uma panela.

A proibição do Batasuna é uma medida popular entre os espanhóis, mas alguns temem que o governo esteja violando os direitos políticos dos nacionalistas radicais.

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