Reuters
27/08/2002 - 15h56

Saiba mais sobre o juiz espanhol Baltasar Garzón

da Reuters, em Madri

Uma charge recentemente publicada na Espanha mostrava uma grande mão expulsando Adão e Eva do Jardim do Éden. Adão se volta desafiadoramente para cima e pergunta: "Quem você acha que é para nos tirar do paraíso? O Garzón?".

O alvo da piada era o todo-poderoso juiz da Audiência Nacional (Suprema Corte) Baltasar Garzón, que parece estar envolvido em todos os casos importantes da Justiça, a ponto de muitos se perguntarem como esse homem maníaco por trabalho tem tempo para todos eles.

No exterior, Garzón é conhecido como o juiz que pediu a extradição do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, há alguns anos, e incomoda outros militares latino-americanos envolvidos em casos de torturas e desaparecimentos.

Dentro da Espanha, ele é um personagem influente na política nacional, por causa de decisões como a de segunda-feira, quando determinou o fechamento provisório do partido separatista basco Batasuna, acusado de ser o braço político do grupo armado ETA (Pátria Basca e Liberdade).

Folha Imagem - 17.nov.2000
O juiz Baltasar Garzón
Garzón investiga o ETA e o Batasuna desde meados da década de 1990 e já ordenou várias outras ações contra eles, razão pela qual está no topo da lista de possíveis vítimas de atentados.

Mas foi ele também quem comandou as investigações sobre os GAL, um grupo paramilitar que torturou e matou supostos membros do ETA durante a chamada "guerra suja" espanhola.

Direitos Humanos
Filho de um trabalhador pobre da Andaluzia, Garzón, 46, se tornou juiz provincial aos 23 anos e aos 32 já estava na Corte Suprema de Madri. Casado, pai de três filhos, foi eleito deputado em 1993 pelo Partido Socialista e em seguida assumiu o programa nacional antidrogas, mas pediu demissão um ano depois, acusando o governo de ser tolerante com a corrupção.

Em junho, ele disse que estava preocupado com as possíveis violações aos direitos humanos decorrentes da "guerra contra o terrorismo" desencadeada em 11 de setembro. "Você não pode nunca cruzar a linha da legalidade, nem nos momentos mais difíceis do terrorismo ou da ameaça à sociedade. A diferença entre eles [os terroristas] e nós é precisamente essa."

Por causa de sua atuação contra os ex-ditadores latino-americanos, Garzón foi indicado em fevereiro para o Prêmio Nobel da Paz, por iniciativa de ativistas da região. Mesmo tendo fracassado, sua tentativa de julgar Pinochet, em 1998, é considerada um marco no direito internacional.

O juiz também investigou, no ano passado, as pistas que levaram à prisão na Espanha de militantes da rede Al Qaeda, de Osama bin Laden.

Leia mais no especial Espanha - País Basco
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca