Reuters
01/09/2002 - 16h43

FHC deverá discutir proposta de aumento da energia nuclear na Rio+10

da Reuters, em Johannesburgo

Os EUA propuseram que a Rio +10 aprove um acordo para diversificar as fontes de energia e estender a tecnologia energética para os países pobres. Grupos ambientalistas afirmam que isto implicará no aumento de energia nuclear em todo o mundo. O presidente Fernando Henrique Cardoso, que chegou hoje à reunião realizada em Johannesburgo (África do Sul), deverá discutir a questão com os líderes dos demais países.

O chanceler brasileiro, Celso Lafer, disse que o país ainda não definiu posição sobre o tema. "A energia nuclear é algo aceito e consagrado no Brasil, mas cada país tem as suas especificidades. Sei dos riscos da energia nuclear e ainda existem vários temas que precisam ser tratados", afirmou o chanceler, que também participa do evento.

No texto para o acordo energético que está sendo avaliado na Cúpula da Terra, foi proposto um parágrafo que originalmente pretendia auxiliar energias renováveis, como a solar ou eólica, para incluir uma referência aberta a "tecnologias de energia".

No entanto, membros da delegação brasileira e ambientalistas afirmam que a referência, que incentiva a diversificação de fontes de energia, poderia levar transferência de conhecimento energético para os países pobres - poderia resultar no aumento da energia nuclear em todo o mundo.

"Não acreditamos que este (parágrafo) seja adequado para se falar em (energia) nuclear", disse o ministro do Meio Ambiente do Brasil, José Carlos de Carvalho.

"Isto é totalmente ultrajante", opinou o diretor da política do Greenpeace, Remi Parmentier. "Iria abrir caminho para aumentar a quota de energia nuclear no mundo", acrescentou.

Proposta dos EUA
A cláusula é parte de um extenso plano da Organização das Nações Unidas para diminuir a pobreza enquanto protege o ambiente. Os negociadores estão lutando para chegar a um acordo antes da reunião de cúpula marcada para amanhã entre os líderes mundiais que participam da Rio +10.

Delegados e ambientalistas dizem que a proposta foi feita pelos Estados Unidos na tarde de ontem e tem o apoio dos produtores de petróleo da Opec e de vários membros do G-77, de países em desenvolvimento.

Um delegado norte-americano confirmou que sua equipe havia feito a proposta. Ao ser perguntando se o movimento significava que Washington estava defendendo a energia nuclear, ele replicou: "É justo dizer que nós defendemos todas as formas de tecnologia energéticas".

A energia nuclear sofreu um abalo em seu prestígio quando houve a explosão na usina nuclear de Tchernobil, na ex-União Soviética, em 1986, o pior acidente civil nuclear no mundo.

Grupos de defesa ao ambiente dizem que a energia nuclear não é apenas perigosa, mas também produz lixo tóxico, que ficará no planeta por milênios.

Mas a energia nuclear ainda é responsável por cerca de 7% do consumo de energia mundial, especialmente nos sistemas de energia planejados da Rússia, Taiwan, das duas Coréias, do Japão e da França.

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