Reuters
02/09/2002 - 02h04

Harrison Ford defende em Veneza papel polêmico em "K-19"

da Reuters, em Veneza

Harrison Ford defendeu no domingo seu retrato de um capitão russo de submarino em "K-19: The Widowmaker", um filme fortemente criticado pela tripulação original da verdadeira história que inspirou o longa-metragem.

Segundo os créditos, "K-19" se passa a bordo de um submarino nuclear soviético que quase derreteu em 1961. Para evitar um desastre nuclear, o capitão e a tripulação correm contra o relógio para reparar um reator.

Ford faz o papel do capitão Alexei Vostrikov - nome fictício -, um militar sem coração na chefia do K-19 em sua viagem para levar a cabo um importante teste com mísseis.

Mas integrantes da tripulação original disseram que o retrato do capitão é "ridículo e absurdo".

"K-19" foi exibido no 59º Festival de Cinema de Veneza, embora não faça parte da competição. A diretora, Kathryn Bigelow, Ford e o ator irlandês Liam Neeson compareceram ao evento para promover o filme.

"Quando começamos a rodar o longa, houve algumas perguntas entre a tripulação sobre nossas motivações e nós nos encontramos com vários dos sobreviventes e... revelamos nossa intenção de reconhecer o sacrifício que aqueles homens fizeram", disse Ford numa coletiva de imprensa.

No entanto, sete membros da tripulação do submarino, muitos dos quais têm sido contra o filme desde que viram o primeiro rascunho do roteiro, enviaram uma carta aberta a Veneza.

"Estamos surpresos e tristes que o Festival de Cinema de Veneza escolheu dar a 'K-19: The Widowmaker' sua premiére européia", afirmaram os tripulantes na carta enviada aos produtores do filme e ao elenco, assim como aos organizadores do festival.

"É dolorosamente imaginável para nós que este filme... será considerado uma referência sobre a qual a nova geração de espectadores, incluindo nossas próprias crianças, irão formar idéias sobre nós e sobre nossos camaradas".

As cenas mostrando a tripulação como bêbados incompetentes foram deixadas de fora do roteiro final. Bigelow disse que nem todos os sobreviventes reclamaram do script.

"Eu passei bastante tempo entre 1995 e 2000 encontrando os sobreviventes enquanto fazia o roteiro. Em muitos dos meus encontros eu me vi sendo abraçada por eles, que diziam com lágrimas nos olhos que eu devia contar sua história", comentou a diretora.

Neeson disse que tinha escutado apenas relatos positivos dos sobreviventes, mas afirmou que a intenção nunca foi fazer um documentário. "Teve que existir alguma licença dramática", afirmou.

Apensar da polêmica, "K-19" não vem sendo um sucesso de bilheteria, ao contrário de outros filmes de Ford, como "Guerra nas Estrelas" e "Indiana Jones".


Leia mais:
  • Festival de Veneza põe 21 filmes em competição; conheça todos

  •  

    FolhaShop

    Digite produto
    ou marca