Novo filme de Todd Haynes mexe com racismo e repressão sexual
da Reuters, em VenezaO drama "Far from Heaven", de Todd Haynes, é ambientado nos anos 50, numa era dominada pelo preconceito racial e a repressão. Para o diretor, pouca coisa mudou no último meio século.
O filme terá estréia mundial hoje à noite no 59ª Festival de Cinema de Veneza. Julianne Moore faz o papel de uma dona-de-casa perfeita num típico subúrbio norte-americano e Dennis Quaid é um empresário bem-sucedido cujo casamento naufraga quando sua mulher dá de cara com ele dando um beijo apaixonado em outro homem.
Expoente do novo gênero do cinema gay, Haynes disse que o filme "trata dos grandes temas da cultura norte-americana que continuam sem solução, desde aquela época".
Haynes dirigiu a produção cult "Velvet Goldmine", de 1998, sobre a ascensão e queda de um astro fictício do glam-rock, e "Poison", de 1995, que foi tachado pela crítica de direita como pornográfico.
"Far from Heaven" começa de forma alegre, mas azeda, de repente, quando Cathy Whitaker (Julianne Moore) flagra seu marido com outro homem e, em seguida, busca consolo nos braços de seu jardineiro negro.
O filme é inspirado na era dourada de Hollywood, especialmente no clássico de 1954 "All That Heaven Allows", de Douglas Sirk. Mas a versão criada por Haynes não tem um final hollywoodiano feliz.
Cathy se vê abandonada pelo marido, que assume seu homossexualismo, e isolada pela sociedade em função do namoro com o jardineiro.
Estrela de "Fim de Caso" e "Hannibal", Moore disse que o longa-metragem é sobre a perda da inocência. "Cathy representa o otimismo norte-americano. Tudo é possível, podemos mudar o mundo. Mas, de repente, ela pára de sorrir", disse a atriz, para a qual as emoções do filme, rodado semanas após os ataques de 11 de setembro, refletiram o que os norte-americanos estavam sentindo na época.
"É sobre a perda das ilusões", disse ela. "Houve um momento, depois de 11 de setembro, quando parecia que todo o otimismo tinha chegado ao fim. Mas o que vem acontecendo desde então mostra que é possível, sim, dar a volta por cima e se recuperar de acontecimentos ruins."
