Reuters
02/09/2002 - 15h01

EUA, Irã e Iraque se unem contra proposta brasileira na Rio +10

da Reuters, em Johannesburgo

Os Estados Unidos se aliaram a pelo menos dois países que consideram seus inimigos, o Irã e o Iraque, para evitar a aprovação das propostas do Brasil e da União Européia sobre o uso de fontes renováveis de energia. O debate, ainda sem solução, é um dos mais acalorados na Cúpula Rio +10, que acontece em Johanesburgo.

George W. Bush não foi à reunião, assim como os principais líderes árabes. A introdução de metas para a energia renovável implicaria diretamente a diminuição do uso do petróleo. Por isso, segundo ambientalistas árabes, a principal preocupação das delegações desses países é econômica, não ambiental.

O Brasil propõe que 10% de toda a energia usada no mundo em 2010 venha de fontes renováveis (como o álcool ou a energia eólica, gerada pelo vento). A União Européia propõe 15%, mas inclui nesse conceito usinas hidrelétricas (que afetam os ecossistemas) e a queima de lenha, por exemplo.

A aliança contra as metas de energia renováveis é irônica porque junta de um lado George W. Bush, hostilizado pela opinião pública árabe por seu apoio a Israel, e de outro Saddam Hussein, visto por Washington como representante de uma ameaça à humanidade, cuja queda deve ocorrer a todo custo.

Os ambientalistas árabes dizem que todos os países da região estão agindo em bloco, liderados pela Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo. Os sauditas assumiram posturas que, segundo eles, podem prejudicar outros países árabes, mais pobres, cuja economia não depende do petróleo.

"Não haverá confronto [entre os árabes, a respeito da energia renovável], e isso não é racional. O único benefício para os países árabes será para os que produzem petróleo. Há a decisão de agir de um só jeito em nome da unidade árabe", disse a ativista libanesa Zeina Al Haji, do Greenpeace.

Abdullah Darwish, presidente da ONG Greenline, do Líbano, acha que os países árabes estão agindo em bloco para conseguir melhores barganhas em questões de comércio e finanças.

Mas outros ativistas são mais cínicos. "Nenhum governo aqui tem realmente vontade política de falar sobre meio ambiente", disse Razan Zuayter, coordenador do Grupo Árabe para a Proteção da Natureza, com sede na Jordânia. "As pessoas sabem o que querem, mas não há comunicação entre elas e seus governos."

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