Reuters
03/09/2002 - 12h14

Elite negra do Zimbábue recebe terras de reforma agrária

da Reuters, em Johannesburgo

O ministro de Justiça do Zimbábue reconheceu hoje que a elite dirigente do país também se beneficiava da desapropriação de fazendas de brancos a serem entregues, inicialmente, para agricultores negros sem-terra.

O ministro Patrick Chinamasa disse a uma rádio sul-africana que a polêmica reforma agrária beneficiaria todos, sejam membros importantes do partido Zanu-PF (governista), sejam simpatizantes do Movimento por uma Mudança Democrática (MDC), da oposição.

"Há pedaços de terra sendo subdivididos e entregues a pessoas que se inscreveram. Não interessa se essas são pessoas da liderança do Zanu-PF ou não," disse.

"Temos banqueiros beneficiados, professores de universidades beneficiados, membros da oposição beneficiados pelo programa de terras. Se forem negros, são candidatos a serem beneficiados", afirmou.

O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, afirma que a reforma visa reverter o legado colonial. Na ex-colônia britânica, 70% das melhores terras estavam nas mãos da pequena minoria branca.

Os EUA recentemente citaram o fato de fazendas terem sido dadas a amigos e aliados de Mugabe, entre os quais a mulher dele, Grace, como um dos motivos para oporem-se à reforma.

As desapropriações, que por enquanto devem atingir 2.900 dos 4.500 fazendeiros brancos do país, foram citadas como um dos motivos da falta de comida enfrentada atualmente pelos zimbabuanos. Dos 13 milhões de moradores do país, 6 milhões sofrem com a falta de alimentos.

Chinamasa discordou disso, afirmando que os fazendeiros plantadores de trigo preferiam alimentar seu gado aos zimbabuanos negros famintos.

"A falta de alimentos experimentada pela região não foi provocada pelo programa de terras, mas pela seca que atingiu toda a região", disse.

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