Reuters
03/09/2002 - 13h46

"The Mad House" leva até Veneza a guerra na Tchetchênia

da Reuters, em Veneza

Enquanto o conflito entre Rússia e Tchetchênia volta às manchetes, o filme mais recente do cineasta nascido em Moscou Andrei Konchalovsky faz os espectadores sentirem a tragédia da guerra e a ânsia por fugir dela.

"The Mad House" vê a guerra da Tchetchênia através dos olhos dos pacientes de um asilo para doentes mentais situado na fronteira tchetchena com a Rússia. Eles são os "tolos sábios" shakespeareanos, cujos delírios conferem destaque maior à dor do conflito.

"Os tchetchenos lutam por sua identidade cultural há anos. Essa tragédia não é nova, mas precisamos tentar enxergá-la na escala humana", disse o diretor a jornalistas no Festival de Cinema de Veneza.

No filme, um dos 21 que concorrem ao Leão de Ouro, soldados russos ocupam o asilo e travam a guerra em torno dos pacientes, muitos dos quais foram representados por doentes mentais de um hospital moscovita.

Uma das pacientes, Janna, se apaixona por um soldado, mas teme que, se casar com ele, possa entristecer o ídolo pop Bryan Adams, sobre quem ela tece fantasias e que tem uma participação breve no filme.

Konchalovsky disse que a fantasia é uma síndrome moderna de "noiva de Jesus" _na qual uma garota acha que vai desposar Jesus e aguarda, ansiosa, o retorno dele à Terra_, mas deixou em aberto interpretações segundo as quais o ídolo seria uma metáfora de uma nação traída pelo amor por um russo.

"Você pode enxergar o que quiser no simbolismo do filme", disse o diretor de "Expresso para o Inferno" e "Tango & Cash - Os Vingadores".

Mas isso não quer dizer que seja puramente subjetiva a leitura que ele faz de um conflito que voltou às primeiras páginas dos jornais em 1999, quando Moscou lançou uma nova campanha militar na província separatista, e mais uma vez nas últimas duas semanas, quando dois helicópteros russos foram abatidos sobre a Tchetchênia, deixando um saldo de mais de 100 mortos.
 

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