Reuters
04/09/2002 - 18h37

Conheça os vencedores e os perdedores da Rio +10

da Reuters, em Johannesburgo

A Rio +10 foi criticada por ambientalistas e defensores do desenvolvimento pela falta de novas ações para reduzir a pobreza e a degradação ambiental.

Mas o encontro, que durou dez dias, e seu plano de ação - se for seguido - podem produzir vencedores e perdedores dentro da comunidade internacional:

VencedoresPerdedores
Tribos amazônicas:
Indígenas podem fazer fortuna se os cientistas buscarem a cura do câncer nos genes da floresta. O plano de ação diz que os nativos devem compartilhar dos benefícios que companhias ocidentais obtenham da exploração de recursos naturais.
Governos sul-americanos:
A possibilidade de nativos da floresta amazônica receberem benefícios pela exploração de recursos naturais, que seriam compartilhados com cientistas, pode estimular o contrabando de patrimônio genético.
Etiópia:
"Peixe pequeno", conseguiu tirar palavras do plano de ação que tornaria os tratados ambientais subservientes à OMC. Diplomatas dizem que o delegado etíope Tewolde Gebre Egziabher fez um apelo apaixonado em benefício de países pobres em negociações fechadas.
Tuvalu:
A ilha, cujo cume fica a 4m do nível do oceano Pacífico, será a primeira nação a sumir se as previsões sobre aquecimento global e aumento dos mares se confirmarem. Sem uma ação de luuta contra a mudança climática, as perspectivas a longo prazo para Tuvalu são as piores.
Gerhard Schröder, premiê alemão:
Lutando pela reeleição, Schröder marcou pontos ao prometer € 500 milhões em cinco anos para promover o uso de energia renovável em países em desenvolvimento. Em meio a promessas vagas, o plano alemão foi apontado pela ONG Amigos da Terra como um dos poucos que oferecem dinheiro novo.
Juergen Trittin, ministro alemão:
Um dos primeiros políticos do Partido Verde a entrar no governo, o ministro do Ambiente da Alemanha tentou em vão convencer a cúpula a estabelecer um objetivo para o uso de energias renováveis, como a do sol e do vento. Trittin subestimou a intransigência dos EUA e de outros países produtores de petróleo.
Petróleo:
A reunião prometeu ajudar 2 bilhões de pessoas a terem acesso à energia. Com 80% vindo de combustíveis fósseis, os produtores podem comemorar.
Energia solar:
Uma grande perda para os ambientalistas, o texto não contém objetivos, datas e incentivos ao uso de energia renovável, em especial a solar.
Lobby antiglobalização:
Os ativistas criaram um pedido para "promover ativamente" a responsabilidade corporativa, mesmo não criando uma polícia para prender poluidores. Um referência a "acordos intergovernamentais" e "iniciativa internacional" pode abrir caminho para uma convenção sobre comportamento corporativo.
Cafeicultores brasileiros:
Ainda à mercê das flutuações dos preços do mercado de commodities, eles ganharam pouco com a cúpula, segundo Andrew Hewett, da Oxfam. "A flutuação dos preços é uma das principais causas da pobreza no mundo em desenvolvimento. A falta de ação neste encontro foi outra falha", disse.
Pescadores de países pobres:
Em um dos poucos compromissos firmes do encontro, governos prometeram restaurar os estoques de peixes até 2015. "Isso deve levar a mais disponibilidade de comida local para comunidades costeiras e menos remessas de peixes para comida de gato no Ocidente", disse Steve Sawyer, do Greenpeace.
Fazendeiros em países pobres:
Apesar de um vago acordo de países ricos para lidar com a próxima rodada de negociações com "uma visão para anular todas as formas de subsídios às exportações", países ricos como os da União Européia não têm obrigação de acabar com os subsídios para seus agricultores, o que tira exportações do Terceiro Mundo da competição.
Donos de restaurante de Sandton:
Os donos de restaurantes na área isolada do encontro viram com alegria os delegados tomando vinho e comendo filés - uma barganha para muitos, por causa da fraca moeda sul-africana.
Ambulantes de Sandton:
Os ambulantes que vendem frutas, cigarros e lustram sapatos foram tirados das ruas antes do encontro "para sua própria segurança", de acordo com a polícia de Johannesburgo.


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