Reuters
05/09/2002 - 07h57

Pela 1ª vez em dois anos, Israel leva palestino a julgamento em tribunal

da Reuters, em Tel Aviv

Barbado, algemado e vestindo um uniforme da prisão, o ativista palestino Marwan Barghouti apareceu na quinta-feira pela segunda vez em dois meses no tribunal israelense onde é acusado de planejar 37 atentados, que mataram 26 cidadãos de Israel.

Barghouti, 43, é o líder na Cisjordânia do Fatah [principal grupo político da Organização para a Libertação da Palestina, ligado a Iasser Arafat]. Em 14 de agosto, quando foi indiciado, gritou no plenário, em hebraico, que "a Intifada vencerá". Desta vez, a polícia o escoltou para evitar que falasse.

Reuters
O palestino Marwan Barghouti
É a primeira vez em dois anos de Intifada [levante palestino] que Israel julga um líder palestino em um tribunal civil. Com isso, os israelenses querem demonstrar a cumplicidade dos líderes militantes nos atentados.

Preso desde 15 de abril, Barghouti, que nega vínculos com os atentados, pode ser condenado à prisão perpétua. Ele é visto com destaque entre uma nova geração de políticos que podem substituir Arafat, de 73 anos.

Em uma carta aberta a seu povo, divulgada ontem por seu advogado, Barghouti diz que Israel não tem legitimidade para julgá-lo e que os palestinos têm o direito de resistir à ocupação da Cisjordânia e da faixa de Gaza.

"Não vamos desistir e abandonar esse direito, a despeito das dificuldades. Hoje, estou pagando o preço por minha posição de defender a paz entre dois povos, com base no fim da ocupação e dos assentamentos e no nosso direito de estabelecer nosso Estado independente com Jerusalém como sua capital", escreveu.

Em uma pesquisa divulgada no mês passado, Barghouti foi considerado o segundo político mais popular entre os palestinos, perdendo apenas para Arafat. Ele deve essa posição aos seus inflamados discursos nas manifestações pelo fim dos 35 anos de ocupação israelense.

O advogado de Barghouti, Jawad Boulos, diz que está participando de um "julgamento político". "As primeiras duas páginas dos autos falam da Fatah e tentam apresentá-la como uma organização terrorista", afirmou. Segundo ele, Barghouti manterá sua posição de não responder às perguntas do tribunal.

Daniel Taub, assessor jurídico do ministério israelense de Relações Exteriores, contesta Boulos dizendo que se trata do "primeiro e mais importante julgamento criminal" envolvendo a atual Intifada. "Seria uma tragédia se se transformasse em uma espécie de fórum para discursos políticos."

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