Reuters
05/09/2002 - 12h31

Microsoft e aliados preparam-se para defesa de dados na web

da Reuters, em São Francisco (EUA)

Um esforço setorial para reforçar a segurança dos computadores pessoais pode ser ou a salvação do comércio eletrônico ou um inferno para os consumidores que encaram a internet como seu parque de diversões em termos de informações digitais.

A Microsoft, Intel e cerca de 200 outras empresas dos setores de hardware, software e segurança de computadores estão trabalhando em tecnologias cujo objetivo é proteger os dados armazenados nos computadores contra a interferência de intrusos.

Alegando que esse tipo de sistema é necessário para bloquear os hackers, os proponentes dizem que ele pode restaurar a lei e a ordem em um mundo no qual a pirataria digital prospera. Os críticos rebatem dizendo que as tecnologias são parte de uma jogada de poder do setor que resultaria no fim da cultura livre de troca de informações que hoje existe na internet.

De qualquer maneira, microprocessadores especializados em segurança e software correlato em desenvolvimento pelos membros da TCPA (Trusted Computing Platform Alliance) alterariam fundamentalmente, se implementados, o balanço de poder entre a propriedade de dados pelos indivíduos e pelas corporações --um debate que já está em curso tanto nos tribunais quanto no Congresso dos Estados Unidos.

"Se temos de ter conteúdo na internet, de alguma maneira é preciso recompensar as pessoas que o colocam lá", disse Dave Farber, um dos pioneiros da engenharia na internet e professor de Ciências da Computação na University of Pennsylvania que trabalha como consultor independente para a TCPA.

Outros dizem que esse esforço é uma tentativa desesperada das empresas de computadores e mídia para controlar a próxima grande onda da computação.

"Trata-se de uma luta entre os micreiros e os executivos", diz Paul Saffo, diretor do Institute for the Future, em Menlo Park, Califórnia. "A verdadeira batalha adiante não envolve os computadores, mas as salas de estar. Há uma corrida aberta para dominar o mercado de videogames e o de entretenimento via computador."

"A Microsoft adoraria ser a fábrica de software para Hollywood", acrescenta ele.


Palladium

A mais recente contribuição da Microsoft para a segurança dos computadores é uma tecnologia à qual ela deu o nome código Palladium e deve ser integrada às futuras versões do Windows.

Peter Biddle, gerente de produtos no grupo de Windows Trusted Platforms Technologies da Microsoft, diz ter começado em 1997 a tentar tratar do problema de como proteger o conteúdo sobre o qual existem direitos de propriedade depois que as empresas de mídia se queixaram de que não podiam liberar versões de alta qualidade de seu conteúdo para uso em computadores pessoais devido a preocupações com a pirataria.

Posteriormente, diz, ele compreendeu que a mesma tecnologia poderia ser usada para proteger os dados dos consumidores contra interferência externa.

Embora o projeto Palladium ainda deva demorar para chegar ao mercado, já surgiu uma imensa controvérsia quanto à possibilidade de que as tecnologias sejam usadas para reduzir os direitos de "uso justo" dos consumidores à realização de cópias pessoais de filmes e música e para limitar de maneira mais severa o uso de software.

"Eu prefiro chamar esse modelo de computação controlada, e não de computação confiável", diz Chris Hoofnagle, assessor jurídico do Electronic Privacy Information Center, sediado em Washington DC. "As empresas estão criando um sistema ou infra-estrutura com o qual o usuário não pode interferir".


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