Reuters
05/09/2002 - 15h06

Veneza homenageia Antonioni, pai do cinema moderno

da Reuters, em Veneza

Produtores de cinema prestaram uma homenagem hoje a Michelangelo Antonioni, um dos diretores italianos mais influentes e o pai do cinema moderno da angústia e da alienação.

O Festival de Cinema de Veneza concedeu o novo prêmio San Marco ao cineasta pelo conjunto de sua obra, uma honraria que coincide com seu aniversário de 90 anos. O mais antigo festival de cinema do mundo também está exibindo uma coleção de seus filmes totalmente restaurados pela primeira vez.

"É apropriado que inauguremos o prêmio San Marco, criado para obras experimentais, escolhendo Antonioni, uma vez que foi dele que o gênero herdou sua linguagem", disse Moritz de Hadeln, diretor do festival.

Usando óculos escuros e paletó, Antonioni foi clicado por uma horda de fotógrafos ao receber o prêmio, entregue por sua mulher, Enrica Fico.

Ele recebeu o Leão de Ouro de Veneza em 1983 e ganhou um Oscar em 1995 pelo conjunto da obra.

A carreira de 60 anos de Antonioni inclui "Blow-up - Depois Daquele Beijo" e "A Aventura", entre um total de 16 longas-metragens.

Apesar de um derrame em 1983 que o deixou sem fala, o diretor ainda continua trabalhando.

Seu filmes deliberadamente lentos e ambíguos nem sempre agradam às massas, mas obras como "A Aventura" o transformaram em um ícone para cineastas como Martin Scorsese, que o descreveu como um poeta da câmera.

Antonioni nasceu em 1912 na cidade de Ferrara, norte da Itália. Seu primeiro filme, "Crônica de Um Amor", foi filmado em 1950, quando ainda tinha 28 anos.

Ao longo das duas décadas seguintes, Antonioni trabalhou com alguns dos maiores nomes do cinema pós-guerra italiano, como Marcello Mastroianni, mas foi somente nos anos 1960 que explodiu no cenário internacional.

Apesar de receber críticas positivas no Festival de Cinema de Cannes de 1957 por "O Grito", foi só em 1960, com "A Aventura", que obteve reconhecimento em todo o mundo. O filme é uma exploração da esterilidade emocional da sociedade moderna.

Vanguarda

Seu segundo filme representativo de rupturas de linguagem foi "Blow-up", que se passa na Londres dos anos 60 _a obra o transformou em ídolo cult dos cinéfilos e cineastas.

Depois de "Blow Up", veio "Zabriskie Point", em 1970, e "O Passageiro - Profissão: Repórter", com Jack Nicholson, em 1975.

A partir daí, Antonioni voltou a trabalhar esporadicamente na Itália, até o derrame, que o afastou dos estúdios até 1995, ano em que filmou "Para Além das Nuvens", com a colaboração do alemão Wim Wenders.

Recentemente, o cineasta dirigiu um trecho de um filme coletivo, "Eros", que inclui segmentos de Pedro Almodóvar e Wong Kar-wai.

"Com Antonioni, nunca se sabe o que esperar, mas não ficaria surpreso se víssemos outros mais dez filmes dele", disse o roteirista Tonino Guerra na sexta-feira. "Todos entrariam no Festival de Veneza, é claro."
 

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