Reuters
05/09/2002 - 22h00

Jorge Furtado brinca com o amor em seu primeiro longa-metragem

da Reuters, em São Paulo

Com o humor impregnando quase toda sua obra, Jorge Furtado acredita ser possível rir de qualquer assunto. Em "Houve Uma Vez Dois Verões", seu primeiro longa-metragem, ele consegue satirizar o amor adolescente com primazia.

"O riso é um estímulo intelectual e externo capaz de provocar uma reação física", afirma Furtado. "Essa é a dificuldade da comédia. Ou se acha graça ou não", completa o diretor.

Nascido em Porto Alegre em 1959, Furtado foi diretor e roteirista de vários curtas-metragens premiados, como "O Dia em que Dorival Encarou a Guarda" (1986), "Barbosa" (1988) e "O Sanduíche" (2000), além de "Ilha das Flores" (1989).

Mas antes do cinema, ainda em meados dos anos 1980, Furtado experimentou novas linguagens na televisão, ao lado de outros cineastas, como Carlos Gerbase, com o qual acabaria fundando a produtora Casa de Cinema de Porto Alegre.

Na TV, ele assinou o roteiro de "Dóris para Maiores", "Programa Legal", "Brava Gente" e "A Invenção do Brasil", as minisséries "Agosto", "Memorial de Maria Moura" e "Luna Caliente", além da adaptação de clássicos da literatura na série "Brasil Especial" ("O Alienista", "O Coronel e o Lobisomem", "Lisbela e o Prisioneiro" e "Memórias de um Sargento de Milícias").

Depois de mais de 15 anos de carreira, o diretor estréia seu primeiro longa, a comédia romântica "Houve Uma Vez Dois Verões", filmado em vídeo digital com orçamento de R$ 700 mil.

O filme retrata os amores adolescentes de uma forma divertida, com um pouco das lembranças do diretor e com as contribuições da geração de seu filho.

"Na verdade, o filme é uma mistura de memória pessoal com memória alheia, coisas que ouvi e observei, além daquilo que inventei mesmo", revela Furtado.

Seu filho Pedro, que participa no filme como ator, ajudou na companhia de amigos adolescentes a criar muitas das situações usadas no filme.

Jorge Furtado diz que escolheu filmar a história com câmera digital para ter mais agilidade e manter um certo tom documental. O filme foi rodado em 24 dias, com muitas locações externas para aproveitar a luz natural.

O seu próximo projeto, em fase final de produção, é o longa "O Homem que Copiava". O filme deverá estar concluído em dezembro para ser lançado no Festival de Berlim antes da estréia nacional.

"O Homem que Copiava" conta a história de um rapaz, funcionário de uma papelaria, que passa o dia lendo duas linhas de cada folha que copia e tem a cultura totalmente fragmentada.

Ele também gosta de desenhar e as cópias que não saem boas são usadas em colagens e quadrinhos pendurados na parede.

"Ele é emblemático, de uma geração que é um pouco a minha, mas que se acentuou com a internet, de pessoas que sabem um pouquinho sobre tudo e muito sobre nada."
 

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