Fed reforça segurança para encarar mundo pós-11 de setembro
da ReutersInstalado perto da margem do rio Mississippi, o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) de Minneapolis é um belo prédio de tijolo e vidro, que se debruça sobre amplos gramados, esculturas e flores silvestres.
Mas a tranquilidade está prestes a ser interrompida à medida que o Fed de Minneapolis cava trincheiras e ergue uma série de barreiras com o objetivo de se proteger dos perigos do mundo pós-11 de setembro.
Paredes à prova de explosão, cães farejadores de bombas e salas isoladas para separar a correspondência em caso de contaminação por antraz são algumas das medidas que estão sendo tomadas pelo Federal Reserve para se precaver contra as ameaças de ataque a seu quartel-general ou a qualquer um de suas 12 agências regionais. Há muito em jogo. Um ataque terrorista que interrompa os US$ 3 trilhões em pagamentos feitos via dinheiro, cheques e meio eletrônico seria o pior cenário, com consequências mundiais.
Nos últimos meses, de acordo com documentos do orçamento do Fed, o banco central aumentou os gastos com segurança em 30% para assegurar que possa manter o sistema financeiro dos Estados Unidos funcionando perfeitamente, sob quaisquer circunstâncias.
Assim como o World Trade Center se tornou um alvo por ser um dos ícones do capitalismo norte-americano, órgãos federais como o Fed poderiam ''certamente'' virar alvos simbólicos, diz Robert Louden, um analista de segurança do John Jay College de Justiça Penal.
''Houve uma mudança na intensidade do pensamento sobre como se proteger contra uma ameaça desconhecida'', ele disse.
Ninguém quer entrar em detalhes. Segurança é um assunto delicado em órgãos federais e em organizações privadas nos dias de hoje, e os funcionários do Federal Reserve ressaltam que o banco central sempre investiu pesado para garantir que o sistema não falhasse.
Agora está investindo ainda mais. Algumas agências regionais já contavam com máquinas de raio-x nos seus halls de entrada, mas agora elas estão em todos os bancos. Funcionários são ainda mais rigorosos na revista de carros e vans.
Apesar de as visitas públicas terem sido suspensas por meses após o 11 de setembro, a maioria das sedes do Fed já as retomaram, com restrições extras com relação a quem pode visitar.
As barreiras ao redor do Fed de Minneapolis foram construídas para evitar que os veículos cheguem muito perto. Uma passarela pública que levava à margem do rio foi fechada. O balcão da entrada foi transferido para mais perto da porta de modo que os visitantes sejam obrigados a passar pelo controle de segurança logo após entrarem.
''O objetivo de todas essas medidas é ampliar o perímetro'', disse David Fettig, porta-voz do Fed de Minneapolis.
Nos seus orçamentos de 2002, as 12 sedes regionais do Fed planejaram um substancial aumento nos gastos para ampliar a segurança: um acréscimo de US$ 11,4 milhões com relação ao ano passado, totalizando US$ 50,3 milhões, um salto de 29%, revelam documentos referentes ao orçamento do Fed.
Cerca de metade do aumento é destinado aos salários do pessoal extra contratado, e o restante vai para equipamentos de revista e para projetos de obras.
Mas ainda pode ser preciso mais. O orçamento informava que os valores para melhorias na segurança física eram estimativas preliminares e observava que ''recursos adicionais podem ser necessários''.
Em Washington, a diretoria do Fed planeja gastos extras de US$ 13,8 milhões ao longo de dois anos; as medidas incluem cães farejadores de bombas e a terceirização de serviços de correspondência.
O banco central deu início no ano passado a testes de rotina na correspondência depois que foram encontradas cartas contaminadas com antraz em órgãos de imprensa e em alguns prédios do governo. Em maio, uma suspeita de antraz no Fed acabou sendo descartada depois que testes deram resultado negativo.
''Nós continuamos desenvolvendo nossos programas de segurança para responder a novas e diferentes ameaças'', disse David Skidmore, um porta-voz da diretoria do Fed.
