Reuters
06/09/2002 - 16h46

Pouco crédito mina esperança de aumento na telefonia via cabo

da Reuters, em Amsterdã (Holanda)

Dezenas de bilhões de euros em dinheiro fácil transformaram os operadores de TV a cabo da Europa e dos Estados Unidos em rivais poderosos das operadoras de telecomunicações, mas o dinheiro fácil é coisa do passado e as esperanças de expansão idem, disseram os principais nomes do setor na sexta-feira.

O maior dos mercados europeus, a Alemanha, esperou demais para substituir seus cabos de televisão por versões mais modernas capazes de transmitirem dados. Com os mercados financeiros agora fechados para empreendimentos arriscados no setor de cabos, resta pouca esperança de que vejamos um pacote de TV digital, acesso de banda larga à internet e telefonia de voz no país.

"Se a infra-estrutura já não estiver instalada, é tarde demais", diz o analista Paul Moran, do banco de investimento CFSB de Londres.

Esta semana, a mais avançada operadora de cabos da Alemanha, a Callahan Associates, sediada nos Estados Unidos, informou à Reuters que havia abandonado seus planos para oferecer serviços telefônicos em sua rede. Isso sairia caro demais, disse Andy Sukawaty, presidente da divisão européia do grupo.

Ele afirmou que não faz sentido em termos de negócios gastar de 50% a 60% dos investimentos totais na rede em um sistema telefônico que geraria apenas 20% da receita, disse.

Já se passaram dois anos desde que a Callahan adquiriu duas importantes redes de cabos para TV na Alemanha e recorreu aos mercados financeiros com promessas de serviços de acesso de alta velocidade à internet e telefonia via cabos de TV.

Continuam à venda seis outras áreas de operação de telefonia por cabo na Alemanha, controladas pela Deutsche Telekom, que não se interessou em melhorar sua rede para um futuro rival.

Há poucas chances de que qualquer dos interessados invista as imensas somas necessárias para melhorar a rede e permitir serviços bidirecionais tais como internet de banda larga e telefonia, disseram analistas e empresas interessadas.

O mais irônico é que os operadores de sistemas de cabos para TV que já instalaram redes mais modernas estão obtendo sucesso cada vez maior em seduzir clientes das empresas de telecomunicação.

Nos Estados Unidos, Espanha ou Bélgica, por exemplo, entre 15% e 30% dos assinantes de TV a cabo usam serviços telefônicos de suas companhias de cabo. E o número tende a aumentar.

A razão é o preço. Companhias de TV a cabo cobram menos por minuto e oferecem pacotes com preços reduzidos ou até com horas grátis durante a noite.

Apesar disso, a maioria dos usuários mantém suas linhas de telefone, porque a consideram necessária. Analistas vêem o fato com preocupação por conta dos altos índices de desligamento, ou defeitos, entre usuários de acesso banda larga à internet. Eles podem entender que o serviço é um item de luxo.

Dificilmente um operador de cabo está com caixa positivo depois dos altos investimentos feitos nos últimos anos. Se eles quiserem se tornarem lucrativos, precisam manter os atuais clientes satisfeito em vez de investirem em novos serviços.

Alguns analistas acreditam que possa levar até 10 anos antes que as companhias de TV a cabo comecem a estudar seriamente investimentos em telefonia digital.

Leia mais notícias de Informática Online
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca