Reuters
13/09/2002 - 17h41

Navio vaza óleo perto de patrimônio da humanidade na África do Sul

da Reuters, em Johannesburgo (África do Sul)

Um navio de carga encalhado está vazando óleo combustível na costa sul-africana, perto de uma área definida como patrimônio da humanidade pela Unesco (órgão das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), disseram hoje autoridades.

O navio italiano Jolly Rubino tinha 1.300 toneladas de óleo combustível a bordo quando encalhou ontem perto do parque St. Lucia Wetland, considerado um santuário para pássaros e plantas, na costa nordeste da África do Sul.

A embarcação foi abandonada após ser atingida por um incêndio, que começou na terça-feira (10). A carga contém uma variedade de químicos tóxicos, incluindo alfa-naftilamina, especialmente prejudicial ao ambiente.

Autoridades disseram que o navio perdeu 70 contêineres de carga e advertiram o público a não tocar em nada encontrado na praia.

A embarcação, ainda em chamas, está encalhada 12 km ao sul do estuário que liga ao principal lago do parque St. Lucia Wetlands. O diretor de conservação do parque, Richard Penn-Sawers, declarou que os efeitos ambientais do vazamento de óleo ainda são incertos. "De qualquer forma, não é uma boa notícia."

O parque St. Lucia Wetland é reconhecido internacionalmente pelas Nações Unidas como uma importante área de preservação ambiental.

O navio Jolly Rubino navegava entre o porto de Durban, na África do Sul, e Mombasa, no Quênia, quando um incêndio provocou que os 22 tripulantes abandonassem a embarcação. Além de sua carga, o navio transportava cerca de 1.300 toneladas de óleo combustível.

O incêndio que provocou o abandono do navio na terça-feira atingiu rapidamente a carga inflamável, causando diversas explosões. Os ventos fortes e as ondas altas atrapalharam as tentativas de apagar o incêndio, mas uma nova operação será realizada no sábado.

"O navio ainda está vazando, mas não está bombeando. É óleo preto, então é coisa pesada", disse Claire Gomes, porta-voz da Smit Salvage, responsável pelo resgate.

Cerca de 1.100 toneladas é de óleo combustível pesado e 250 toneladas de diesel.

Gomes disse que uma aeronave de controle de poluição registrou óleo saindo do casco. Uma mancha de 10 metros de largura, a cerca de 100 metros da praia, está se dirigindo à costa, disse.

Na sexta-feira, uma equipe de resgate entrou no navio e resgatou o cachorro deixado quando a tripulação foi retirada pelo ar.

Gomes disse que a Smit está tomando medidas para lidar com a alfa-naftilamina e outras substâncias químicas. O sólido cristalino está na lista de químicos da empresa Merck como cancerígeno e perigoso ao ambiente.

Lynn Jacksonm, do Departamento de Assuntos Ambientais da África do Sul, disse que barreiras de areia estão sendo erguidas e as águas estão sendo bloqueadas para impedir a entrada do óleo no parque.

Richard Penn-Sawers, que trabalha na conservação do parque, disse que não há perigo imediato ao lago principal -habitado por hipopótamos e crocodilos e conhecido por sua diversidade de espécies.

Mas disse que os caranguejos nas áreas de mangue estão ameaçados pela poluição

"Não é um desastre tão grande quanto pensávamos, mas significa um escândalo e uma boa limpeza", disse o capitão da Baía Richards, Mike Brophy.

 

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