Navio vaza óleo perto de patrimônio da humanidade na África do Sul
da Reuters, em Johannesburgo (África do Sul)Um navio de carga encalhado está vazando óleo combustível na costa sul-africana, perto de uma área definida como patrimônio da humanidade pela Unesco (órgão das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), disseram hoje autoridades.
O navio italiano Jolly Rubino tinha 1.300 toneladas de óleo combustível a bordo quando encalhou ontem perto do parque St. Lucia Wetland, considerado um santuário para pássaros e plantas, na costa nordeste da África do Sul.
A embarcação foi abandonada após ser atingida por um incêndio, que começou na terça-feira (10). A carga contém uma variedade de químicos tóxicos, incluindo alfa-naftilamina, especialmente prejudicial ao ambiente.
Autoridades disseram que o navio perdeu 70 contêineres de carga e advertiram o público a não tocar em nada encontrado na praia.
A embarcação, ainda em chamas, está encalhada 12 km ao sul do estuário que liga ao principal lago do parque St. Lucia Wetlands. O diretor de conservação do parque, Richard Penn-Sawers, declarou que os efeitos ambientais do vazamento de óleo ainda são incertos. "De qualquer forma, não é uma boa notícia."
O parque St. Lucia Wetland é reconhecido internacionalmente pelas Nações Unidas como uma importante área de preservação ambiental.
O navio Jolly Rubino navegava entre o porto de Durban, na África do Sul, e Mombasa, no Quênia, quando um incêndio provocou que os 22 tripulantes abandonassem a embarcação. Além de sua carga, o navio transportava cerca de 1.300 toneladas de óleo combustível.
O incêndio que provocou o abandono do navio na terça-feira atingiu rapidamente a carga inflamável, causando diversas explosões. Os ventos fortes e as ondas altas atrapalharam as tentativas de apagar o incêndio, mas uma nova operação será realizada no sábado.
"O navio ainda está vazando, mas não está bombeando. É óleo preto, então é coisa pesada", disse Claire Gomes, porta-voz da Smit Salvage, responsável pelo resgate.
Cerca de 1.100 toneladas é de óleo combustível pesado e 250 toneladas de diesel.
Gomes disse que uma aeronave de controle de poluição registrou óleo saindo do casco. Uma mancha de 10 metros de largura, a cerca de 100 metros da praia, está se dirigindo à costa, disse.
Na sexta-feira, uma equipe de resgate entrou no navio e resgatou o cachorro deixado quando a tripulação foi retirada pelo ar.
Gomes disse que a Smit está tomando medidas para lidar com a alfa-naftilamina e outras substâncias químicas. O sólido cristalino está na lista de químicos da empresa Merck como cancerígeno e perigoso ao ambiente.
Lynn Jacksonm, do Departamento de Assuntos Ambientais da África do Sul, disse que barreiras de areia estão sendo erguidas e as águas estão sendo bloqueadas para impedir a entrada do óleo no parque.
Richard Penn-Sawers, que trabalha na conservação do parque, disse que não há perigo imediato ao lago principal -habitado por hipopótamos e crocodilos e conhecido por sua diversidade de espécies.
Mas disse que os caranguejos nas áreas de mangue estão ameaçados pela poluição
"Não é um desastre tão grande quanto pensávamos, mas significa um escândalo e uma boa limpeza", disse o capitão da Baía Richards, Mike Brophy.