Reuters
15/09/2002 - 17h40

Enchente e medo da guerra levantam Schröder em eleição alemã

da Reuters, em Berlim (Alemanha)

As enchentes e a possibilidade de guerra levaram o chanceler da Alemanha, Gerhard Schröder, à liderança das pesquisas eleitorais pela primeira vez neste ano, surpreendendo os oponentes e garantindo uma boa chance de reeleição na próxima semana.

A reviravolta na política foi tão dramática quanto as enchentes que atingiram o país no mês passado, o que levou a revista Der Spiegel perguntou a Schröder se ''Deus é Social Democrata?''

Em agosto, o partido de Schroeder, SPD, estava sete pontos atrás da oposição democrata-cristã e parecia que Schroeder se tornaria o primeiro chanceler alemão do pós-guerra a sair depois do primeiro mandato.

Mas as enchentes deram a oportunidade de Schröder mostrar sua capacidade de gerenciar crises. E ele também teve bom desempenho em um debate ao vivo na televisão no domingo passado.

Antes, a oposição acusava o chanceler pelos quatro milhões de desempregados e pelos problemas econômicos. O conservador Edmund Stoiber aparecia na liderança das pesquisas.

"O que vimos é o encobrimento dos assuntos que determinaram o clima político no último ano e meio, com as enchentes e o Iraque," disse Joachim Raschke, professor de política da Universidade de Hamburgo.

"A grande vantagem destes assuntos é que são fortemente emocionais, em contraste com os econômicos, que já foram debatidos por um longo período."

A forte oposição de Schroeder a um possível ataque dos Estados Unidos ao Iraque é bastante compartilhada pela opinião pública, em um país em que as memórias da destruição da Segunda Guerra Mundial ainda vivem.

As pesquisas mais recentes mostram o partido do chanceler com dois ou três pontos à frente dos democrata-cristãos e dão à sua coalizão com os Verdes uma maioria pela primeira vez no ano.

"As coisas estão ficando claramente melhores para o SPD. Certamente não é impossível que cresçam ainda mais," disse Richard Stoess, cientista político da Universidade Livre de Berlim.

"Mas eu não diria que já acabou. Ainda há uma parte do eleitorado, apesar de ser uma pequena parte, que está indecisa e não decidirá até o último minuto."

Ainda não está claro como os eleitores responderão ao assunto da imigração, levantado por Stoiber em debate no parlamento na sexta-feira. Ele disse que a Alemanha não pode aguentar mais imigrantes.

Na segunda-feira, os conservadores deverão anunciar políticas para limitar a imigração e melhorar a integração de estrangeiros à sociedade alemã.

Raschke, da Universidade de Hamburgo, acha que Stoiber tocou no assunto muito tarde para influenciar o voto. ''Será visto como uma tática pelos eleitores.''

No domingo, o chanceler participou de um comício com o ministro do Exterior, Joschka Fischer, do Partido Verde, em ação sem precedentes. O chanceler disse esperar que a Alemanha represente o contrário da onda de crescimento dos populistas de direita na Europa.

''Espero que o sinal da Alemanha seja de que este processo parou, que a face da Europa é de parceria e tolerância,'' disse ele.

 

FolhaShop

Digite produto
ou marca