Reuters
02/10/2002 - 21h49

Filme que escandalizou Cannes é atração no Festival Rio BR

da Reuters, no Rio de Janeiro

O filme-escândalo do último festival de Cannes, "Irreversível", de Gaspar Noé, com uma longa cena de estupro da atriz Monica Bellucci, tem hoje sua primeira exibição no Festival Rio BR 2002.

Em Cannes, o filme passou como um furacão, incomodando o público em geral e a mídia. Alguns jornalistas deixaram a sala de exibição do festival francês nos primeiros dez minutos da projeção.

A sequência inicial de "Irreversível" causa mesmo um nó na garganta do espectador. Ainda não é a famosa cena do estupro.

Com uma câmera mais nervosa e instável do que a do Dogma 95, o filme do cineasta argentino radicado na França mostra uma sequência inicial numa boate gay de submundo, chamada Rectum.

Sem que ninguém saiba ainda por que, Marcus (Vincent Cassel) procura desesperadamente por Tenia (Jo Prestia), passando por diversas cenas de sodomia e sadomasoquismo na sua descida pelos degraus desta verdadeira filial do inferno.

Quando encontra o sujeito, ocorre uma das mais brutais cenas de espancamento que o cinema já mostrou e da qual participa o amigo de Marcus, Pierre (Albert Dupontel).

O filme conta sua história de trás para a frente -exatamente como se fez em "Amnésia", de Christopher Nolan.

Assim, o que se vê é primeiro uma sangrenta vingança. Depois, o motivo dela: o estupro, mostrado com todos os requintes de brutalidade e humilhação capazes de torná-lo repulsivo.

Quem sobreviver a essa primeira metade do filme, verá a parte mais doce -o passado em comum de Marcus, Pierre e Alex (Monica Bellucci), que foi primeiro namorada de um, depois do outro, o que não impede que sejam um inseparável trio de amigos.

No começo e no final do filme, o diretor invoca uma frase: "O tempo destrói todas as coisas". Em Cannes, o epíteto serviu de mote para um jornalista italiano presente na sessão: "Espero que o tempo também destrua este filme!", disse ele.

Zoológico humano

A miséria humana é o prato do dia de "Hollywood, Hong-Kong", do diretor chinês Fruit Chan, também cartaz nesta quarta-feira no Rio BR. Trata-se da segunda parte de uma anunciada trilogia sobre a prostituição, cujo capítulo inicial, "Durian, Durian", foi apresentado no Festival de Veneza de 2000.

Com um olho atento para o zoológico humano que se organiza em torno das megalópoles, Chan é, porém, um artista que imprime doçura à maioria de seus personagem.

O filme começa com três homens obesos, suados e sujos de sangue. Eles acabaram de matar os porcos que estão na traseira de sua caminhonete. O pai dos outros dois escolhe o maior, mas não deixa de separar um animal pequeno para o caçula carregar.

Os três formam uma família que sobrevive de vender pratos à base de porco numa favela da periferia de Hong Kong, que se espreme à sombra de um gigantesco condomínio de prédios altíssimos, sintomaticamente batizado como Hollywood.

Nessa Hollywood deslocada e tão feita de aparências quanto a outra, a de Los Angeles, vive Tong Tong (Zhou Xun) -jovem prostituta que muda de nome a cada dia.

Encarnando a fantasia de cada um dos homens que cruzam seu caminho, ela está na linha de frente de um rico gângster, supostamente advogado, que extorque os clientes da moça, garantindo que ela é menor de idade.

Os destinos dessa prostituta e dos três matadores de porcos se cruzam de maneira peculiar.

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