Reuters
03/10/2002 - 22h17

Polêmico em Cannes, "Madame Satã" estréia no Festival do Rio

da Reuters, no Rio de Janeiro

Por seu enfoque absolutamente centrado no fascínio ambíguo, mas inegável, de seu protagonista - bandido, amante, rebelde, homossexual, pai adotivo e marginal - o filme "Madame Satã", estréia desta quinta-feira no Festival Rio BR 2002, sucumbe completamente ao seu encanto com a interpretação dilacerante de Lázaro Ramos, 24.

O ator baiano transfigura-se no papel de João Francisco dos Santos, mostrando o processo de transformação do personagem em Madame Satã, envelhecendo sem o artifício da maquiagem, tornando-se sombrio, perigoso e sedutor.

Ramos, aliás, é o grande trunfo do filme, uma vez que o restante do elenco não consegue acompanhar sua sagacidade, deixando visível um desequilíbrio que poderia ter sido atenuado por um diretor mais experiente que Karim Anouz em proveito de uma maior consistência dramática e narrativa.

Quanto ao escândalo criado durante o último Festival de Cannes por causa das cenas de sexo - várias pessoas deixaram as salas de exibição onde o filme foi mostrado na seção "Un Certain Regard" -, cabe o espanto.

É difícil imaginar o que terá chocado tanto essa platéia experimentada e que já deve ter assistido a filmes muito mais diretos sobre a homossexualidade, como "Querelle", de Rainer Werner Fassbinder, ou "O Ûltimo Tango em Paris", de Bernardo Bertolucci.

As cenas de sexo entre Satã e Renatinho (Felipe Marques) são completamente necessárias à história que se conta, apaixonadas, envolventes e muito bem filmadas.

O escândalo, em todo caso, parece ter sido benéfico à comercialização internacional de "Madame Satã". Ainda durante o festival de Cannes, o filme tinha firmado contratos de distribuição na França, Espanha, Suíça, Portugal, Alemanha e Israel.

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