Reuters
07/10/2002 - 15h11

Operadoras chegam a dar telefone celular em guerra por cliente

da Reuters

Operadoras de telefonia móvel do Estado de São Paulo partiram para uma guerra silenciosa pelos clientes mais rentáveis, com a base de assinantes de serviços pós-pagos estagnada e a de pré-pagos, pouco lucrativa, em crescimento.

A briga usa como armas descontos de até 80% no preço de aparelhos caros e contrapropostas que incluem até a oferta de um novo telefone de graça para o assinante.

Dados da Agência Nacional de Telecomunicações indicam que do total de cerca de 31 milhões de celulares do país, apenas 30% correspondem a telefones pós-pagos. "O bolo de (clientes) pós-pagos já está praticamente todo atendido... Então as empresas estão tendo que buscar clientes na carteira da concorrência", disse Milena Zaniboni, analista da Standard & Poor's.

Um exemplo disso é o que aconteceu, na semana passada, com o tradutor intérprete Alexandre Fukuya, cliente da BCP há dois anos e assinante de um plano de 400 minutos, que custa cerca de R$ 190 por mês. "A Telesp (Celular) me ligou oferecendo 80% de desconto no (aparelho) Motorola V60 se eu optasse pelo plano de 700 minutos", contou.

O Motorola V60 é um dos modelos mais sofisticados à venda e custa normalmente em torno de R$ 1.000. Com o desconto da Telesp Celular, o aparelho sairia por R$ 200.

Pouco tempo depois de receber a ligação da Telesp, representantes da BCP entraram em contato com Fukuya, sondando se ele estava satisfeito com os serviços da operadora.

Fukuya então contou ao atendente sobre a proposta que tinha recebido da empresa rival e negociou com a operadora. Acabou conseguindo o mesmo Motorola V60 de graça, mediante assinatura de um plano de 600 minutos da BCP por R$ 214 mensais.

A Telesp Celular confirmou, por meio de um porta-voz, o uso do telemarketing ativo para ampliar a base de clientes e acrescentou que a operadora é alvo da mesma estratégia pela concorrência. De acordo com a Telesp, a escolha dos números telefônicos é feita de forma aleatória, inclusive com ligações para usuários de telefonia fixa que possam eventualmente adquirir um novo celular.

Já a BCP, através de sua assessoria de imprensa, disse que a companhia não comenta sua estratégia comercial.

Troca-troca

O analista de sistemas Reynaldo Costa, que era cliente da BCP há quatro anos e assinante de um plano de 400 minutos, decidiu trocar de operadora ao ser abordado pela Telesp.

"Eles disseram que se eu optasse por um plano de 300 minutos teria 50% de desconto (no preço do aparelho V60) e se escolhesse o de 600 minutos teria 80% de desconto", disse ele.

Costa procurou a BCP, mas a empresa não cobriu a oferta e por isso ele resolveu trocar de operadora.

Para chegar aos assinantes da BCP, representantes da Telesp ficam testando números com prefixos da operadora, que começam com 91 e vão até 94, de acordo com o porta-voz da empresa.

"O operador fica testando o número até alguém atender. Quando a ligação é completada ele faz uma série de perguntas ao usuário e a partir disso identifica seu perfil", informou o porta-voz da Telesp.

A Telesp, então, faz propostas de acordo com as respostas do usuário, oferecendo descontos que variam conforme o plano de minutos do cliente da concorrênte.


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