Reuters
07/10/2002 - 18h21

Siemens mandou ao Iraque máquinas usadas para bomba nuclear

da Reuters, em Frankfurt (Alemanha)

A companhia alemã Siemens AG anunciou hoje que entregou componentes eletrônicos ao Iraque que estão na lista de equipamentos que podem ser usados para produzir armas nucleares.

A Siemens disse que enviou seis máquinas médicas para o Iraque com componentes que iniciam ondas de choque para quebrar cálculos renais.

Estes componentes estão na lista da ONU (Organização das Nações Unidas)sobre equipamento com uso dúbio, e que podem ter a mesma função em armas nucleares, disse a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA).

"Isso foi realizado no contexto do programa da ONU de troca de petróleo por comida e teve toda a aprovação necessária da ONU", disse Melanie Schmude, porta-voz da Siemens Medical Solutions em Erlangen, na Alemanha.

Melissa Fleming, porta-voz da IAEA, confirmou que a companhia alemã recebeu toda a aprovação necessária.

"São itens com uso duplo", disse. "Eles podem ser aprovados contanto que saibamos que irão para a máquina certa e tenham função legítima para propósito médico".

O dossiê britânico divulgado no mês passado disse que o Iraque está atrás de armas nucleares e não poderia produzi-las com as sanções da ONU. Mas se Bagdá conseguisse material fissil e outros componentes do exterior, poderia produzir as armas dentro de um ou dois anos, disse o relatório do governo.

As declarações da Siemens e da IAEA são respostas à sugestão do especialista independente norte-americano Gary Milhollin, que disse que os componentes poderiam disparar uma bomba nuclear.

"Há vários conceitos iraquianos sobre construção de uma bomba atômica e o design mais recente precisaria somente de um tipo de dispositivo para ligar a bomba", disse Milhollin, diretor do Projeto Wisconsin de Controle de Armas Nucleares, de Washington, à televisão pública alemã ARD.

"A Siemens entregou aparelhos suficientes para um pequeno arsenal", disse Milhollin.

Equipamento nuclear
A Siemens disse que entregou as máquinas, conhecidas como Lithotriptern, ao Iraque entre dezembro de 1998 e junho de 1999 e substituiu seis dispositivos internos.

A empresa pediu aprovação para o envio de mais cinco dispositivos disparadores ao Iraque, para substituir outros usados. A empresa alemã tem uma representação no Iraque que mantém as máquinas.

Schmude, da Siemens, disse que os dispositivos duram um milhão de choques, enquanto cada paciente necessita de 4.000 choques.

Bagdá sofre ameaça de ataque militar dos Estados Unidos caso não elimine suas armas de destruição em massa. O Iraque nega que tenha tais armas e deu permissão para a volta dos inspetores da ONU.

Hoje a ONU disse que seus inspetores de armas continuam prontos para voltar a Bagdá a curto prazo, apesar do atraso causado pelas discussões do Conselho de Segurança sobre uma nova resolução a respeito do Iraque.

Em 1998, um empresário alemão foi preso por exportar ilegalmente lançadores de mísseis Scud para o Iraque em 30 acordos firmados entre 1988 e 1990. Os últimos carregamentos chegaram poucas semanas antes da invasão do Kuait pelo Iraque.

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