Reuters
08/10/2002 - 10h41

Aquecimento global incrementa safra, mas reduz nutrientes

da Reuters, em Washington

O aquecimento global poderia aumentar a produção de arroz, soja e trigo em algumas áreas, mas o crescimento mais intenso também poderia prejudicar o valor nutricional da colheita, informaram ontem pesquisadores de Ohio.

O valor nutricional diminui pois, com níveis maiores de dióxido de carbono, os vegetais produzem mais sementes com menor conteúdo de nitrogênio, explicou Peter Curtis, professor de biologia e ecologia da Universidade Estadual de Ohio.

O dióxido de carbono é um gás que causa o efeito estufa por reter calor, associado à queima de combustíveis fósseis. Alguns especialistas esperam um aumento significativo no nível deste gás na atmosfera nas próximas décadas.

Um aumento gradual na temperatura da Terra é temido pela possibilidade de muitos efeitos prejudiciais, incluindo o derretimento de geleiras, elevação do nível do mar e destruição de alguns ambientes de vida selvagem.

"Caso alguém esteja procurando um ponto positivo para o aumento do nível de dióxido de carbono, poderia apontar a possibilidade de crescimento da produção agrícola em algumas áreas", disse Curtis. "Quando há mais disponibilidade de dióxido de carbono, as colheitas são maiores mesmo que as condições de crescimento não sejam perfeitas."

Poderia haver mais alimentos, mas não seriam tão nutritivos. "Em um cenário de aumento de dióxido de carbono, os rebanhos e os humanos teriam de aumentar o consumo de vegetais para compensar a perda (de nutrientes)", explicou o especialista.

Curtis e outros pesquisadores reuniram dados de 159 estudos realizados nas últimas duas décadas para determinar os efeitos das alterações climáticas na reprodução das plantas. Analisaram a resposta dos vegetais ao dióxido de carbono por flores, frutas, peso das frutas, número de sementes e capacidade reprodutiva.

O arroz foi o mais sensível e a produção de semente aumentou, em média, 42%. A soja apresentou um aumento de 20% nas sementes, seguida pelo trigo, com 15%, e o milho, com 5%, explicou Curtis.

O tamanho da semente aumentou, mas não o seu conteúdo de nitrogênio. Os níveis de nitrogênio caíram em média 14% em todas as plantas, com exceção dos legumes cultivados, como ervilha e soja, demonstrou o pesquisador.

Por exemplo, o número total de sementes de trigo e cevada aumentou em 15%, mas a quantidade de nitrogênio caiu 20%.

"É uma má notícia", explicou o cientista. "O nitrogênio é importante para proteínas de sustentação em humanos e animais. Os especialistas em biologia vegetal querem aumentar os níveis de nitrogênio nas sementes."

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