Reuters
08/10/2002 - 18h51

Venezuela reforça segurança para enfrentar ato contra Chávez

da Reuters, em Caracas (Venezuela)

As Forças Armadas da Venezuela reforçaram hoje a segurança em Caracas, capital do país temendo ameaças contra o presidente Hugo Chávez antes do protesto de oposição programado para quinta-feira (10).

Chávez, que sobreviveu a um golpe em abril e enfrenta forte oposição, disse no fim de semana que agentes de segurança descobriram uma nova tentativa de derrubá-lo. A notícia alimentou novos rumores de uma rebelião militar no quinto maior exportador de petróleo do mundo.

O general Melvin Lopez, inspetor-geral das Forças Armadas, disse hoje que a mobilização, que inclui tanques, tem como objetivo proteger o palácio presidencial de Miraflores e outras instalações de possíveis ataques durante a manifestação de quinta-feira.

"Temos informações de que...elementos podem se infiltrar na marcha e abrir fogo contra a guarda nacional, a polícia ou forças de segurança", disse Lopez a repórteres.

"A informação que temos é que estes grupos têm armas...São civis e oficiais militares que não estão conosco, oficiais que escolheram o lado errado", disse.

A televisão local disse que os tanques ocuparam posições durante a noite dentro de instalações militares e do governo.

"Estamos tomando estas medidas pura e simplesmente para manter a paz", disse Lopez.

A situação em Caracas está tranquila e hoje as lojas abriram normalmente. Mas houve violência dentro da central da polícia metropolitana, onde o batalhão de choque disparou gás lacrimogêneo contra um grupo de policiais que faziam greve por melhores salários. Diversos oficiais ficaram levemente feridos.

A guarda nacional e policiais militares patrulhavam as ruas da capital, em parte por causa da disputa policial e parte devido ao alerta de segurança.

Conspiração
Líderes da oposição, que exigem que a renúncia do presidente populista, negaram as acusações de complô golpista feitas pelo governo.

Mas agentes da inteligência militar entraram hoje na casa de um coronel do Exército, Antonio Guevara, acusado de participar do suposto complô. Vizinhos e simpatizantes do coronel bloquearam uma estrada em protesto contra a ação.

Na semana passada, agentes também invadiram a casa de Enrique Tejera, ex-ministro do Exterior que Chávez acusa de liderar um golpe. Tejera, um advogado de 83 anos, não foi acusado, mas continua sob investigação.

Chávez, eleito democraticamente em 1998 com promessas de diminuir a pobreza, sofre críticas da oposição por supostamente tentar instalar um regime comunista no estilo cubano.

Além da crise política, a Venezuela sofre ainda uma profunda recessão, inflação em alta e desemprego, que abalaram a confiança dos investidores e dificultam o acesso do governo a financiamento internacional.

Os adversários do presidente formam uma aliança de partidos, líderes trabalhistas e empresariais, além de militares dissidentes, que esperam encurtar seu mandato, que termina oficialmente em 2007. Líderes sindicais prometem uma greve geral nacional para exigir a renúncia de Chávez.

Mas o líder insiste que mantém apoio popular e das forças armadas. Ele pediu para os críticos esperarem até 2003, quando a constituição permite um plebiscito sobre a continuação seu mandato.

Leia mais no especial Venezuela

Leia mais notícias de Mundo
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca