Reuters
10/10/2002 - 12h35

Milhares de venezuelanos saem às ruas contra Chávez

da Reuters, em Caracas

Milhares de opositores do presidente venezuelano Hugo Chávez se reuniram em Caracas para pressionar o líder esquerdista a convocar eleições imediatas, seis meses após ter sobrevivido a um golpe de Estado que durou poucos dias.

A marcha na capital foi noticiada pelos organizadores como uma das maiores manifestações de oposição ao presidente desde o golpe de abril, que minou a confiança de investidores no quinto maior exportador de petróleo do mundo.

As tensões eram altas antes do protesto, depois que Chávez classificou a manifestação como parte de uma nova tentativa de golpe.

O presidente, democraticamente eleito em 1998, seis anos depois de encenar uma tentativa de golpe frustrada, recusou o pedido da oposição de antecipar as eleições.

Enquanto inimigos do governo seguiam ao parque no leste de Caracas, onde a marcha deveria começar, a televisão local e o rádio divulgavam que os simpatizantes de Chávez tentaram bloquear algumas estradas que levavam à capital com pneus queimados.

Também foi divulgado que os seguidores de Chávez atiraram garrafas e pedras contra os opositores do governo. Conflitos começaram e a Guarda Nacional lançou gás-lacrimogêneo. Vários ficaram feridos, segundo a mídia local.

Em Caracas, a Guarda Nacional foi posicionada perto do palácio presidencial de Miraflores.

Para diminuir o temor de violência, o ministro da Defesa, José Prieto, lado a lado com os chefes militares do país, pediu calma num pronunciamento nacional de televisão e disse que as Forças Armadas estavam prontas para garantir a ordem.

Apesar dos rumores de golpe, líderes da oposição insistiram em dizer que a marcha seria pacífica. Eles disseram que a manifestação iria refletir a força de suas exigências para um pleito nacional sobre se Chávez deveria ou não continuar sua administração.

"Esta vai ser uma pesquisa de opinião ao vivo", disse Enrique Mendoza, governador do Estado de Miranda.

Tensões
Em 12 de abril, um grupo de oficiais de alta patente depôs o presidente venezuelano, após tê-lo responsabilizado pelos 17 mortos e dezenas de feridos durante uma enorme marcha opositora em 11 de abril, terceiro dia de uma greve geral.

O líder retornou ao poder 48 horas depois, nas mãos de tropas leais e de milhares de seguidores, que saíram às ruas pedindo seu regresso, em meio a atos violentos, como saques, que elevaram o número de mortos a cerca de 60 e a centenas de feridos.

Várias centenas de manifestantes antigoverno fizeram uma demonstração em Caracas ontem em apoio aos generais do Exército que se opunham a Chávez. Batendo panelas, eles evitaram a tentativa de prisão de dois dos militares.

Os oficiais dissidentes estão entre os 300 militares investigados por participação no golpe de abril que depôs Chávez.

A divisão nas Forças Armadas aumentou temores de outra tentativa de golpe ou de violência entre facções militares anti e pró-Chávez.

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