Reuters
10/10/2002 - 22h58

Indígenas continuam marginalizados nas Américas, diz Anistia

da Reuters, em São Paulo

Dez anos depois das celebrações dos 500 anos do "descobrimento" da América por Cristóvão Colombo, comemorado em 12 de outubro, a população indígena continua entre as comunidades mais marginalizadas e pobres do continente, sendo discriminada e sofrendo graves abusos de seus direitos fundamentais. A avaliação consta no relatório da organização não-governamental Anistia Internacional, divulgado hoje.

"Mais da metade dos países do continente reconhecem a característica multicultural de seus Estados, e garantem os direitos dos indígenas em suas Constituições", diz o relatório. "Porém, este é um contraste com a realidade enfrentada pela vasta maioria da população indígena, que geralmente é tratada como cidadãos de segunda classe".

A Anistia Internacional diz no comunicado acreditar que há falta de vontade política dos governos do continente americano para tornar os direitos dos indígenas em realidade.

"Esta falta de comprometimento é demonstrada pela demora na adoção do sistema inter-americano da Declaração Americana sobre a População Indígena", disse a organização, pedindo que os governos da região cumpram com a resolução deste ano da Organização dos Estados Americanos (OEA).

A organização relembrou aos governos em seu relatório o acordo feito no ano passado na Conferência Mundial contra o Racismo, em Durban, África do Sul, que estabeleceu objetivos específicos para ações sobre os direitos da população indígena.

Indígenas no Brasil
A situação da população indígena no Brasil também é mencionada no relatório, através da história do líder xavante Hipãridi Top'Tiro, da reserva indígena de Sangradouro, no Mato Grosso, que foi forçado a deixar suas terras devido às ameaças de morte recebidas por sua campanha ambiental e ação legal contra proprietários de terras locais, que devastaram uma área florestal indígena.

De acordo com informações, o relatório diz que ele recebeu as ameaças de morte e intimidações da Fundação Nacional do Índio (Funai), que tem fortes ligações com os donos de terras. O governo federal disse a Hipãridi que deixasse o país, já que não podia oferecer proteção ao indígena.

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