Reuters
10/10/2002 - 23h12

Blair e Putin discutirão amanhã questão do Iraque

da Reuters, em Zavidovo (Rússia)

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, terá uma segunda rodada de negociações com seu par russo, Vladimir Putin, ontem. O objetivo de Blair é conquistar o apoio russo para uma rígida resolução da Organização das Nações Unidas contra o Iraque.

Blair, que voou para Moscou acompanhado pela mulher, Cherie, jantou ontem à noite com Putin na residência de campo do presidente russo.

Segundo Blair, os interesses econômicos da Rússia no Iraque constituirão o ponto central de suas discussões com Putin, que tem se mostrado até agora relutante em aderir à proposta beligerante dos Estados Unidos contra Saddam Hussein.

A oposição russa reflete em parte os esforços do governo de recuperar bilhões de dólares em dívidas contraídas pelo Iraque na época da União Soviética.

No mês passado, o Iraque anunciou que companhias russas ganharam licitações para projetos de longo prazo para instalações petrolíferas e de infra-estrutura avaliados em cerca de US$ 40 bilhões.

Hoje, executivos norte-americanos afirmaram que uma companhia russa tinha fechado o maior acordo de fornecimento de petróleo com o Iraque dentro o plano da ONU de petróleo por comida, vigente desde o término da Guerra do Golfo de 1991.

"Há certamente muitos interesses legítimos que a Rússia tem em contratos excepcionais com o Iraque. Eles [o governo russo] querem saber se somos sensíveis a isto, e nós somos" disse Blair a repórteres.

Blair e Putin participarão de uma entrevista coletiva após o encontro de amanhã.

Embora Moscou tenha se aproximado de Washington depois dos ataques do 11 de setembro, o governo russo afirmou inicialmente que não havia necessidade de uma nova resolução da ONU para amparar o trabalho dos inspetores de armas da organização.

Nova proposta
O ministro das Relações Exteriores russo, Igor Ivanov, disse nesta semana que apoiaria qualquer proposta "direcionada ao incremento da eficiência da atividade dos inspetores internacionais".

Já o vice de Ivanov, Yuri Fedotov, disse hoje à agência de notícias russa Itar-Tass que uma nova resolução não deve conter ameaças de uso da força ou exigências infundadas.

Segundo Fedotov, a Rússia apoiaria a proposta da França, que seria uma abordagem ao Iraque em duas etapas. A primeira exigiria acesso incondicional e irrestrito aos inspetores a locais suspeitos de fabricar e abrigar armas de destruição em massa. A segunda resolução incluiria o uso da força somente diante de uma recusa de cooperação do governo iraquiano.

O primeiro-ministro britânico afirmou ainda que discutiria com Putin suas preocupações sobre o cumprimento dos direitos humanos na Rússia, acusada de abusos em confrontos com separatistas na Tchetchênia.

No entanto, Blair afirmou que o mundo deve entender que a Rússia está sob ataque de rebeldes extremistas.

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