Reuters
11/10/2002 - 16h31

Governo venezuelano ignora ultimato da oposição

da Reuters, em Caracas

O governo venezuelano rejeitou hoje um ultimato feito pela oposição ao presidente Hugo Chávez para que ele renuncie ou convoque eleições antecipadas.

Sob o lema "Eleições Já", centenas de milhares de pessoas tomaram ontem as ruas de Caracas, pedindo pacificamente a renúncia de Chávez. Foi a maior passeata no país desde abril, quando houve incidentes violentos que acabaram levando ao golpe de Estado que afastou Chávez do poder durante dois dias.

Os líderes da oposição disseram que, se Chávez não atender ao ultimato, vão convocar uma "greve cívica nacional" no dia 21 de outubro, com o argumento de que os venezuelanos não aguentam mais um governo que, segundo eles, dividiu o país entre ricos e pobres e provocou uma profunda recessão.

Mas o governo respondeu com rapidez. "Todo ultimato é antidemocrático. Não se trata de acatar ou não, mas é que não se pode colocar contra a parede, ameaçando alguém com uma pistola na cabeça para que tome uma decisão", afirmou o vice-presidente José Vicente Rangel.

Como já havia feito Chávez, ele descartou a possibilidade de que o presidente deixe o poder antes das eleições previstas para 2006. Um referendo para derrubá-lo, afirmou, pode ser convocado pela oposição, mas só depois da metade do mandato, em agosto de 2003.

Rangel disse que a situação das Forças Armadas é de "completa normalidade", apesar da demissão apresentada na véspera pelo vice-almirante Alvaro Martín Fossa, chefe do Estado-Maior conjunto e segundo homem na hierarquia militar da Venezuela.

Martín deixou o cargo após afirmar, durante a manifestação de ontem, que os militares formam hoje uma instituição quebrada. "Quem quiser sair das Forças Armadas que saia. Ponto", afirmou Rangel sobre Martín.

A proposta de greve geral caso Chávez permaneça no poder foi lançada pela central sindical CTV e recebeu apoio da entidade patronal Fedecámaras. Mas alguns setores lamentaram que os organizadores não tenham aproveitado o calor do momento para iniciar a greve.

Os presidentes da CTV, Carlos Ortega, e da Fedecámaras, Carlos Fernández, disseram que a convocação imediata da greve poderia desencadear um plano do governo para massacrar milhares de manifestantes. Ortega reconheceu que não tem provas da acusação.

Mesmo assim, Ortega acha que a manifestação de ontem pode servir de ponto de inflexão no polêmico governo Chávez. "Aspiramos realmente a que, frente a esta situação difícil, a este caos, ao estado de desastre em que vive a Venezuela, (Chávez) entenda que fracassou", afirmou Ortega, a quem o governo chama de "conspirador".

Já Fernández disse que "a este governo se deu a oportunidade para que responda até a quarta-feira (16), mas também estaremos vigilantes".

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