Reuters
14/10/2002 - 17h43

Células-tronco oferecem esperança a diabéticos

da Reuters, em Los Angeles

Os pacientes com diabetes do tipo 1 podem evitar as injeções diárias de insulina com o transplante de células-tronco produtoras do hormônio, mas o procedimento enfrenta alguns problemas-como a disponibilidade de células e a rejeição do sistema imunológico-, informaram pesquisadores.

"Realizamos 38 transplantes de células de ilhotas desde 1999 - um ano depois, 87% dos pacientes estavam livres da terapia com insulina", disse Jonathan Lakey, da Universidade de Alberta, em Edmonton.

Trabalhos relacionados ao assunto foram apresentados em uma conferência sobre diabetes, em Anaheim (Califórnia), na semana passada.

A diabetes pode provocar problemas circulatórios e cardíacos, insuficiência renal e cegueira. A doença é causada pela redução de disponibilidade ou perda de sensibilidade à insulina, hormônio que regula os níveis de açúcar no sangue.

Na diabetes tipo 1, o sistema imunológico ataca as ilhotas de Langerhans, estruturas pancreáticas que produzem insulina. O tipo 2 é mais comum e ocorre quando o corpo torna-se resistente à insulina, geralmente em decorrência da obesidade.

Há décadas pesquisadores tentam comprovar que o transplante de células de ilhotas pode curar a diabetes do tipo 1, de acordo com Taylor Mayo, porta-voz do Centro de Câncer City of Hope, em Duarte (Califórnia), um dos dez centros de pesquisa escolhidos pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) para reproduzir em larga escala o transplante feito no Canadá.

Células doadas
O objetivo é transplantar células-tronco para que o paciente possa produzir insulina. Até agora, as pesquisas foram feitas com células pancreáticas purificadas retiradas de órgãos doados, mas existem limitações.

"A Espanha é o líder mundial em doadores de órgãos, mas só conseguiríamos suprir entre 1% e 2% da necessidade", explicou Bernat Soria, da Universidade Miguel Hernandez, em Alicante (Espanha).

Especialistas já conseguiram induzir a maturação de células-tronco de ilhotas - precursoras das células produtoras de insulina. As células-tronco são as células mestres do corpo, e as versões embrionárias são consideradas especialmente poderosas.

Pesquisadores de células-tronco podem usar células-tronco encontradas no sangue ou em outros tecidos, mas elas são raras e difíceis de serem manipuladas. Os cientistas também podem tentar transformar células adultas normais ou usar células-tronco de embriões, que têm o potencial de formar qualquer tipo de célula do corpo.

Debate ético
Alguns grupos são contra o uso desse último grupo de células, pelo menos de humanos, com base em justificativas éticas. O debate só foi parcialmente resolvido nos Estados Unidos e em alguns outros países.

"Um dos problemas críticos é a escassez de células de ilhotas e a necessidade de explorar novas fontes", disse Craig Smith, professor de cirurgia de transplante da Universidade da Califórnia em Los Angeles e diretor do Centro de Fonte de Células das Ilhotas de Southern California.

Os próprios genes de uma pessoa podem ser clonados, inseridos em um óvulo que, no estágio inicial do desenvolvimento embrionário, produzirá as células-tronco, explicou Fouad Kandeel, diretor do departamento de diabetes e endocrinologia do City of Hope.

Este método resolveria o problema de rejeição imunológica, pois não haveria transplante de tecido estranho.

"O dilema é forçar os cientistas a pensar detidamente em estratégias de tolerância imunológica sem o uso de armas muito poderosas", disse Kandeel.

O estudo multicêntrico sobre transplante de células de ilhotas, financiado pela Rede de Tolerância Imunológica, dos NIH, está em andamento e as inscrições devem ser encerradas neste ano.

"Nosso objetivo é otimizar os esforços para oferecer ilhotas humanas e identificar a melhor forma de gerar células funcionais", disse Richard Knazek, diretor médico do Centro Nacional de Recursos de Pesquisa, dos NIH.

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