Reuters
16/10/2002 - 18h20

Para Chávez, greve prevista para segunda-feira parece inofensiva

da Reuters, em Caracas

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, declarou hoje que a greve organizada por líderes da oposição será um fracasso. O movimento, planejado para a próxima segunda-feira (21), parece ter impacto econômico limitado, já que segmentos fundamentais da indústria estatal, incluindo o petrolífero e o siderúrgico, não devem paralisar suas atividades.

O governo parece confiante ao afirmar que a greve de 12 horas será um fracasso. O movimento é anunciado por líderes de oposição como mais um golpe em sua batalha política contra o presidente esquerdista.

Chávez, um militar da reserva que sobreviveu a um breve golpe de oficiais militares dissidentes e líderes civis em abril, não considera a greve parte de uma tentativa de causar sua deposição. Chávez foi eleito em 1998 pela maioria esmagadora dos venezuelanos, prometendo resolver problemas de pobreza e corrupção. A Venezuela é o quinto maior exportador de petróleo do mundo.

"Quem tramou o golpe perdeu. A greve de segunda-feira não vai levar a nada", disse o ministro do Planejamento, Felipe Perez.

Líderes de oposição, que acusam reformas intervencionistas de prejudicar a economia, convocaram a paralisação depois de dar um ultimato a Chávez. Para eles, Chávez deve renunciar ou antecipar as eleições. O presidente, que volta da Europa no sábado, recusou-se a renunciar antes do fim de seu mandato, em 2007.

"A greve é mais um passo contra o governo", disse Hugo Fonseca, membro da aliança de oposição Coordinadora Democrática.

Desde abril, as tensões políticas e o descontentamento entre os militares têm deixado no ar o medo de novas tentativas de golpe. Uma greve nacional, liderada por dirigentes da empresa petrolífera estatal PDVSA que não concordavam com a política do governo, ajudou a desengatilhar a rebelião de abril. Chávez retomou o poder com a ajuda de tropas leais a ele, mas os conflitos deixaram 60 mortos nas ruas.

Os organizadores da greve, da Confederação Trabalhista Venezuelana e a maior associação do setor privado do país, Fedecámaras, declaram ter amplo apoio e pediram aos 40 mil trabalhadores da indústria petrolífera estatal que fiquem em casa.

Hoje, oficiais declararam que, mesmo que eles não fossem trabalhar, a produção não seria afetada. "Não haverá impacto sobre as exportações de petróleo. Claro que algumas pessoas na PDVSA, até mesmo parte da diretoria executiva, vão se juntar à greve. Mas não será a maioria", disse um porta-voz do Ministério de Energia.

As vendas de petróleo correspondem a até 50% dos rendimentos governamentais, e contabilizam 80% das exportações.

Uma porta-voz da holding estatal de aço e alumínio, CVG, disse que as operações não seriam afetadas porque os sindicatos ligados à indústria são, em sua maior parte, pró-governo. Também não se sabe se o setor de transportes vai aderir à greve.

Os organizadores declararam que a maior parte dos bancos permaneceria fechada ao público e que sindicatos de trabalhadores das áreas de saúde, marinha mercante e educação também se juntariam à greve. Várias lojas e estabelecimentos comerciais de Caracas também devem participar do movimento.

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