Reuters
29/10/2002 - 19h14

EUA treinam militares colombianos para combater guerrilha

da Reuters, em Arauca (Colômbia)

Até cem membros das Forças Especiais dos Estados Unidos deverão chegar em janeiro a uma região do nordeste da Colômbia para treinar as tropas colombianas na proteção de um oleoduto contra ataques de guerrilheiros.

A informação é do general Carlos Lemus, comandante da 18ª. Brigada do Exército colombiano. "A partir de janeiro, começaremos o programa de treinamento. Não tenho o número exato, mas sabemos que varia de 60 a cem soldados das Forças Especiais dos Estados Unidos", disse Lemus.

Os soldados norte-americanos, que ficarão até um ano no Departamento (Estado) de Arauca, treinarão e equiparão um batalhão do Exército colombiano para defender o oleoduto Caño Limón-Coveñas, que transporta petróleo para a empresa norte-americana Occidental Petroleum.

A tubulação, de 780 quilômetros de comprimento e com capacidade para transportar até 220 mil barris diários, é o alvo preferido dos rebeldes que combatem em uma guerra interna de 38 anos, que já deixou 40 mil mortos na última década.

A ajuda, que faz parte de um programa de US$98 milhões, é a primeira vez que Washington dará treinamento militar para auxiliar diretamente o governo colombiano em sua guerra contra as guerrilhas.
A proteção do oleoduto Caño Limón-Coveñas é uma parte chave da política de segurança do presidente Alvaro Uribe, que depende em grande parte dos recursos do petróleo para aumentar o gasto militar, em um esforço para conter os grupos armados ilegais.

Quatro integrantes das Forças Especiais dos Estados Unidos ficaram dois meses em Arauca, preparando a parte logística, os escritórios e os locais de treinamento. Os norte-americanos ficarão em bases das cidades de Arauca e Saravena, que formam parte de uma das zonas especiais de combate declaradas em setembro por Uribe, onde as forças militares têm autorização excepcional de realizar prisões e invasões sem ordem judicial.

A região, onde, além dos rebeldes, operam grupos paramilitares ilegais de ultradireita e de traficantes, é uma das mais perigosas e atingidas pela guerra.

Acirramento da guerra
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, maior e mais antiga guerrilha de esquerda da América Latina) e o menor Exército de Libertação Nacional (ELN) têm forte presença na região e atacam com frequência as forças de segurança, que ficam em bases isoladas.

Ontem, horas antes da chegada de Uribe à cidade de Arauca, um veículo carregado com explosivos explodiu e matou dois policiais, deixando 11 pessoas feridas.

No ano passado, rebeldes das Farc e do ELN lançaram 170 ataques contra o oleoduto Caño Limón. A tubulação já sofreu 32 ataques este ano, provocando a paralisação da produção.

A ajuda militar dos EUA que chega à Colômbia é a maior da América Latina desde a Guerra Fria, quando Washington investiu cifras milionárias em treinamento militar na América Central, para evitar a expansão do comunismo.

Grupos de defesa dos direitos humanos acusam militares colombianos de cooperar com os esquadrões paramilitares, como parte de uma guerra suja contra os rebeldes, e advertiram que a ajuda norte-americana colocará mais lenha na fogueira.

Sob as leis dos Estados Unidos, os militares colombianos têm de estar livres de acusações ou suspeitas de violações aos direitos humanos para poder receber ajuda.

O general Lemus, que receberá a ajuda militar americana, nega ligação entre suas tropas e esquadrões paramilitares.

"Aqui temos uma política clara quanto ao tratamento a estes grupos terroristas. Nós não distinguimos entre a guerrilha de as autodefesas [paramilitares]", afirmou Lemus.

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