Reuters
30/10/2002 - 15h27

''Últimas Ordens'' é brilhante drama com elenco de primeira

da Reuters

Bela adaptação de um romance que valeu o Prêmio Booker a Graham Swift, "Ûltimas Ordens", destaque de quarta-feira na 26ªMostra BR de Cinema, trata de temas realmente importantes na vida: amor, amizade, vida e morte.

Evitando o sentimentalismo barato no retrato inteligente e afetuoso do cotidiano de vários moradores de Londres, o filme de Fred Schepisi é centrado num sexteto de grandes atores (Michael Caine, Bob Hoskins, Tom Courtenay, Helen Mirren, David Hemmings, Ray Winstone).

O livro de Swift, que abrange 60 anos e é narrado desde diferentes pontos de vista, apresentava vários desafios para a adaptação ao cinema, mas todos foram enfrentados com sucesso na versão fiel de Schepisi.

A direção de elenco merece elogios por encontrar bons atores jovens para representar os personagens principais nos longos flashbacks da história.

Nas cenas de abertura, três idosos se encontram num pub da zona leste de Londres para fazer um brinde a seu amigo recém-falecido Jack (Michael Caine).

Vic (Tom Courtenay), um agente funerário, Ray (Bob Hoskins), apostador em corridas de cavalos, e o ex-pugilista e atual vendedor de frutas Lenny (David Hemmings) estão no bar onde costumavam beber sempre com Jack.

Nesse dia triste, o filho de Jack, o vendedor de carros Vince (Ray Winstone), se junta a eles e todos partem para realizar o último desejo do falecido amigo: jogar suas cinzas no mar em Margate, onde Jack e sua mulher, Amy, tiveram sua lua-de-mel em 1939 às vésperas da 2a Guerra Mundial.

Amy (Helen Mirren) não se junta aos homens porque está visitando sua filha de 50 anos, June (Laura Morelli), que vive internada numa clínica especializada para doentes mentais.

A mãe, que a visita semanalmente (como fez sua vida toda), nunca viu um sinal sequer de reconhecimento da filha que apenas fica sentada em silêncio, brincando como uma criança. Jack nunca a acompanhou nessas visitas, o que sempre foi motivo de desentendimento entre eles.

Jack conheceu o amigo Ray no Egito durante a guerra, quando descobriram que moravam no mesmo bairro de Londres. Quando Jack mostrou a Ray uma foto de Amy, este se apaixonou.

Ao longo dos anos, Jack, Ray e seus vizinhos, Vic e Lenny, continuaram amigos íntimos. A maior decepção da vida de Jack, além de sua filha, foi o fato de Vince ter deixado o negócio da família para tornar-se vendedor de carros.

Jack nunca tomou consciência da atração existente entre sua mulher e Ray, consumada por pouco tempo depois que o amigo a acompanha numa visita a June. Esses são só algumas das complicações da história.

Um dos maiores prazeres proporcionados pelo filme é a atuação de grandes talentos britânicos. Caine, Courtenay e Hemmings foram grandes astros do revival do cinema britânico nos anos 1960 e carregam com eles memórias indeléveis daquela época dourada. Mas é Hoskins, de uma geração posterior, que tem o papel mais substancial.

Já Helen Mirren, o coração e a alma da história, está sublime. O processo de envelhecimento é obtido com maquiagem e uma atuação fantástica.

Apesar de conter muito humor, o filme se sai melhor no nível emocional. Muita gente deixará do cinema com lágrimas nos olhos.

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