Reuters
01/11/2002 - 20h18

Juiz colombiano autoriza libertação dos chefes do Cartel de Cali

da Reuters, em Bogotá

Um juiz da Colômbia ordenou hoje a libertação dos chefes do Cartel de Cali, os irmãos Miguel e Gilberto Rodríguez Orejuela, presos desde 1995, em uma decisão que causou surpresa ao governo.

"Os irmãos cumpriram os requisitos exigidos por lei: ter cumprido três quintos da pena e ter demonstrado bom comportamento na prisão", disse o juiz Pedro José Suárez.

A libertação dos irmãos Rodríguez Orejuela pode ocorrer nas próximas horas, mas eles não poderão deixar o país.

O Cartel de Cali foi considerado pelos Estados Unidos, que tentaram a extradição dos dois irmãos, como a maior organização de narcotraficantes do mundo, que, em seu apogeu, controlou cerca de 80% do mercado mundial de cocaína.

O primeiro chefe do Cartel de Cali a ser capturado pela polícia colombiana, com o apoio da Agência de Luta contra as Drogas dos Estados Unidos (DEA), foi Gilberto Rodríguez Orejuela, 63, em junho de 1995.

Dois meses depois, as autoridades capturaram seu irmão, Miguel, 59. Eles foram presos na cidade de Cali, capital do departamento de Valle, a 250 quilômetros de Bogotá.

Depois das prisões dos irmãos, outros líderes do cartel se entregaram voluntariamente ou foram capturados, desarticulando o grupo.

Surpresa
Os Estados Unidos pediram à Colômbia a extradição dos Rodríguez logo que eles foram presos, mas o governo do então presidente Ernesto Samper, acusado de ter financiado sua campanha com dinheiro do tráfico, negou o pedido, alegando que a medida era proibida pela Constituição.

Apesar disso, o próprio Samper incentivou no Congresso uma reforma que permitiu o restabelecimento desse mecanismo jurídico em 1997, que estabeleceu que a extradição poderia ser aplicada de forma retroativa.

Gilberto Rodríguez foi condenado inicialmente a 15 anos de prisão, e seu irmão, a 17 anos. Mas ambos receberam redução de pena, em acordos com a Justiça em que confessaram seus crimes. Além disso, receberam outros benefícios por estudos e trabalhos realizados na prisão.

Os EUA, principal aliado da Colômbia na luta contra o narcotráfico, sempre se mostraram temerosos de que os chefes do Cartel de Cali pudessem não receber condenações severas.

A decisão causou surpresa ao governo do presidente Alvaro Uribe, que convocou uma reunião de emergência com o ministro da Justiça, Fernando Londoño, e com outras autoridades.

O advogado-geral da União, Luis Camilo Osorio, anunciou uma revisão na decisão do juiz e disse que, se os dois forem libertados, será uma demonstração de não cumprimento de uma ordem judicial.

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