Reuters
14/11/2002 - 11h59

Incêndios matam 4 durante greve de bombeiros no Reino Unido

da Reuters, em Londres

A morte de quatro pessoas em incêndios durante a noite aumentou a pressão sobre o governo britânico para pôr fim à primeira greve nacional dos bombeiros em 25 anos.

A paralisação de 48 horas, que começou às 18h (horário local) ontem, afastou militares dos preparativos para uma possível guerra contra o Iraque, e ocorre no momento em que os britânicos foram advertidos sobre o risco de ataques terroristas nas vésperas do Natal.

Dois idosas e uma mulher morreram em incêndios diferentes em Newton, no País de Gales, e, Burnley, no norte da Inglaterra, e em Halesowen.

Reuters - 24.set.2002
Tony Blair, primeiro-ministro britânico
O vice-primeiro-ministro, John Prescott, informou o parlamento sobre uma quarta morte, mas não forneceu detalhes.

Entre os bombeiros de Straford-upon-Avon, o clima era de desafio e pessimismo.

"O clima era bastante sombrio na noite passada, era deprimente, ninguém quer fazer isso", disse o líder dos bombeiros John Vale.

Não estava claro se as mortes poderiam ser evitadas se os bombeiros estivessem trabalhando. Mas em um caso, o de Halesowen, os soldados chamados para combater o incêndio demoraram 20 minutos para chegar ao local. E a polícia e os paramédicos não estavam equipados para entrar no edifício.



A greve dos bombeiros britânicos pode provocar um grave atrito entre o governo de Tony Blair e os sindicatos, num tipo de crise que já derrubou outros primeiros-ministros trabalhistas.

Blair disse que não pretende ceder à reivindicação de aumento salarial de 40% para os bombeiros. "Não há governo no mundo que faria isso. Se disséssemos 'sim', como poderíamos depois negar 40 por cento a professores, enfermeiras ou policiais?", disse Blair ao Parlamento ontem.

Ele disse que "após todo o trabalho para estabilizar a economia, poderíamos simplesmente pôr tudo a perder e voltar aos dias que todos nós esperamos que já tenham ido para sempre".

No sexto ano de governo, Blair enfrenta seu pior momento na relação com os sindicatos, só comparável ao "Inverno do Descontentamento" (1978-79), que acabou derrubando o governo trabalhista de então e levando o partido a ficar 18 anos na oposição.

Greves nas ferrovias estão parando o país, enquanto funcionários públicos de todas as áreas, dos carteiros aos professores, fazem ou discutem paralisações. Funcionários de segurança e bombeiros de sete aeroportos já programaram várias greves-relâmpagos para os próximos dois meses.

Mobilização
Cerca de 19 mil soldados foram mobilizados para cobrir as tarefas dos bombeiros, mas eles podem ter de mudar de função se uma guerra contra o Iraque estourar. Os bombeiros prometeram suspender a greve em caso de catástrofe ou atentado terrorista. Eles prevêem três paralisações de oito dias.

A maioria dos britânicos admite que os bombeiros merecem aumento, mas vários jornais acusaram o movimento de ser político. "A decisão de fazer greve quando estamos sob mais risco do que nunca de um atentado já tirou muita solidariedade deles os bombeiros", disse o tablóide "The Daily Express".

O jornal "The Mirror" disse que de fato os bombeiros merecem aumento, mas que outras profissões também.

 

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