Reuters
21/11/2002 - 13h36

Gangues usam HIV como "arma" em prisões na África do Sul

da Reuters, em Johannesburgo

Gangues de prisões sul-africanas estão usando o vírus HIV como punição, ao obrigar detentos com Aids a estuprar companheiros desobedientes, disseram autoridades hoje.

Um porta-voz da Fiscalização Judicial de Prisões confirmou que a nova prática tornou-se conhecida há cerca de seis meses e já pode ter se espalhado.

O diretor de fiscalização, Gideon Morris, disse à comissão do governo ontem que o estupro seria realizado por uma ou várias pessoas.

"Eles aplicam na vítima o que eles chamam de 'slow punctured' (perfuração lenta), significando que ele vai morrer em um breve espaço de tempo", disse Morris. "É um novo fenômeno."

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A África do Sul tem o maior número de pessoas infectadas com HIV no mundo. São cerca de 4,8 milhões de pessoas infectadas, ou um em cada nove sul-africanos, em um país com uma população de 42 milhões de habitantes.

O depoimento de Morris sobre o ritual da "perfuração lenta" foi dado antes da Comissão Jali, um inquérito aberto no ano passado para investigar acusações de corrupção e má administração na rede de prisões da África do Sul.

O porta-voz do Departamento Penitenciário, Russel Mamabolo, disse que autoridades do departamento não poderiam falar sobre o caso e iriam esperar a decisão da comissão antes de preparar sua própria investigação.

"Essas informações ainda são acusações nesse estágio", disse Mamabolo.

Morris afirmou que era difícil dizer se a Aids era a principal causa de morte nas prisões da África do Sul, destacando que muitos detentos que morrem de Aids trazem em seus atestados de óbito que morreram de causas naturais.

Mas ele destacou, no entanto, que o número de prisioneiros mortos de causas naturais na prisão aumentou muito nos últimos sete anos, saltando de 186, em 1995, para 1.169 no ano passado.

A África do Sul tem atualmente cerca de 179 mil pessoas na prisão.

 

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