Reuters
22/11/2002 - 18h10

Petroleiro é "apenas" mais um dos problemas no fundo do mar

da Reuters, em Oslo (Noruega)

O petroleiro Prestige, que neufragou nesta semana na costa da Espanha com 70 mil toneladas de óleo, acrescentou uma nova bomba-relógio ao fundo do mar, onde estão desde submarinos nucleares a gás mostarda da era Hitler.

Cargas tóxicas corrosivas em águas profundas deverão assombrar o mundo por décadas antes de se romper ou dispersar pelos mares. Além disso, lixo nuclear permanece radioativo por milhares de anos.

O petroleiro Prestige afundou na terça-feira em águas a 3.600 metros de profundidade, na costa noroeste da Espanha, depois de ter deixado para trás enormes manchas que escureceram praias do país.

Petroleiros afundados como o Castillo de Bellver, na África do Sul em 1983, transferiram dezenas de milhares de toneladas de óleo para o fundo do mar após vazamentos desastrosos.

"A experiência indica que cargas podem ficar estáveis por décadas uma vez que estejam no fundo do mar", disse Ian White, diretor-gerente da International Tanker Owners Pollution Federation. Segundo ele, o óleo provavelmente se coagula e fica grosso como "chiclete" devido à pressão e ao frio.

Mas o que desce, sobe. Na melhor das hipóteses, o óleo volta à superfície de forma lenta; no pior, destroços podem repentinamente se romper com a ferrugem.

No ano passado, até 91 mil litros de combustível vazaram do USS Mississinewa, um petroleiro norte-americano afundado por um submarino japonês suicida na Segunda Guerra Mundial, perto do atol de Yap, no sul do Pacífico.

Os restos deste são apenas um dos 1.080 navios fretados durante a Segunda Guerra só na área do sul do Pacífico.

Lixo
Os mares têm sido a lata de lixo preferida da humanidade há anos, mas o impacto a longo prazo do lixo tóxico na vida marinha, já atingida pelo excesso de pesca, é desconhecido.

Em um dos piores casos de poluição atômica deliberada, sete reatores soviéticos com combustível nuclear a bordo foram jogados no mar de Kara, ao norte da Rússia.

"Estes sete reatores atômicos jogados foram podem ter consequências por muitos milhares de anos", avaliou Thomas Nilsen, do grupo ambientalista norueguês Bellona, acrescentando que isso somente transfere o problema para as próximas gerações.

Submarinos nucleares também afundaram em acidentes com reatores e ogivas a bordo. "Que eu saiba, não se detectou vazamento nuclear destes submarinos até hoje", disse Stephen Saunders, editor da revista "Janes Fighting Ships".

"Obviamente que eles têm de ser monitorados, mas este talvez seja o melhor lugar para eles", observou.

Entre a Noruega e a Dinamarca, dezenas de navios foram afundados após a Segunda Guerra contendo gás mostarda e outras armas químicas nazistas.

Um relatório norueguês esta semana afirmou que os destroços mostravam pouco sinal de corrosão e que a vida marinha ao redor deles era abundante. Segundo o documento, o melhor é deixá-los onde estão.

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